novembro 29, 2002

UM TINTO CALIFORNIANO
Entrar em uma loja de vinhos é sempre uma experiência emocionante. Percorrer as prateleiras, checar o que elas apresentam, pegar as garrafas nas mãos, olhar os rótulos com cuidado, numa ansiedade contida... E decidir-se entre essa ou aquela marca, comparar preços, apostar em alguma marca ainda não conhecida... Certamente, são sensações vividas por todos aqueles que apreciam vinhos.
E foi assim, garimpando daqui e dali, que nos defrontamos com um tinto californiano (USA), a um preço realmente convidativo. Então, decidimos que era preciso degustá-lo e não foi preciso esperar muito.
Era um Classic Cabernet Sauvignon, safra 1993 (!), com 12,5% de graduação alcoólica, produzido e engarrafado por The Monterey Vineyard, ao sul do Condado de Monterey, considerado o quarto maior produtor de uvas viníferas do mundo.
As informações do rótulo dão conta de que o envelhecimento se deu em pequenos barris de carvalho, de modo a amaciá-lo e adicionar complexidade, além de que possui aromas de cereja.
Ao observá-lo, pudemos constatar a limpidez, após quase 10 anos, e sua característica de encorpado, com uma cor vermelho escura. Não conseguimos (falha nossa?) identificar o aroma de cereja, mas o de madeira lá estava presente e bem claramente. Ao beber, notamos um pouco de acideaz.
Mas a impressão que nos ficou foi a de um vinho honesto, que poderia ser degustado sem maiores problemas e bem aceito. Aí fica o recado.

novembro 17, 2002

VOSNE-ROMANÉE
A Borgonha é, com certeza, a mais rica região da França, famosa pela excelente qualidade de seus vinhos. É composta por vários departamentos, dentre os quais a Côte d´Or, cuja capital é Dijon.
Na Côte d´Or encontramos Vosne-Romanée, situada a 18,5 km ao sul de Dijon e conhecida por nela se encontrarem alguns dos mais famosos domínios do mundo, como o Romanée-Conti e o François Lamarche. E essa fama vem desde a Revolução Francesa, quando os vinhos de Vosne-Romanée foram oficialmente declarados os de maior qualidade de toda a república.
Pois bem, queremos falar aqui do 1er. cru - Les Chaumes (Appellation Controlée), produzido e engarrafado no domínio de Denis Thomas.
Um fato curioso a comentar é que este domínio fica bastante próximo dos da Lamarche e da Romanée-Conti e seu "terroir", por consegunte, nas mesmas condições climáticas e de solo. Mas seus vinhos possuem preços à altura dos bolsos dos mortais...
Tivemos a oportunidade de conhecer, pessoalmente, a Denis Thomas, numa viagem que fizemos em 2000, na companhia de um casal amigo, e de conversar um pouco sobre seus vinhos e seus ilustres vizinhos. Conhecemos, também, a senhora sua mãe, que, muito simpática, nos explicou que seus vinhos eram tão bons quanto os dos outros, apenas não eram famosos...
De lá nosso amigo trouxe uma garrafa daquele vinho, que agora tivemos a oportunidade de degustar, em conjunto, e o fizemos com bastante atenção.
Já ao primeiro exame, o visual, comprovamos seu pouco corpo, uma característica dos vinhos da Borgonha, produzidos com uvas Pinot Noir. Era da safra de 1996 e com 13% de graduação alcoólica. Mas seu bouquet era uma delícia, suave, harmonioso, e deixava entrever um vinho que estaria bem mais agradável se envelhecido por mais uns dois a três anos. Na boca, uma sensação de suavidade, sentia-se que se estava degustando um vinho realmente de muito boa qualidade. E foi esta a nossa avaliação final, após esvaziarmos a garrafa. Pena não termos podido trazer um Romanée-Conti, para tentar (sim, tentar, e já seria uma ousadia!) comparar a ambos...

novembro 14, 2002

VINHOS DE MESA - UMA OPÇÃO CONSCIENTE
Se quisermos fazer do vinho um verdadeiro companheiro de todos os dias, presente em nossa mesa e integrado aos nossos hábitos, mister se faz procurar por produtos que aliem qualidade e baixo custo. Esses são os chamados vinhos "comuns" ou "de mesa", caracterizados pela alta produtividade das uvas empregadas e pelas embalagens mais econômicas (em geral, garrafões de 4,6 litros).
Os vinhos de mesa, no Brasil, são produzidos a partir de duas espécies de uvas: as americanas e as viníferas (essas últimas, as únicas permitidas na fabricação dos vinhos chamados "finos"); no entanto, as da espécie americana são as que predominam no mercado, de uma forma quase absoluta.
Entre as marcas de vinho de mesa mais conhecidas no Brasil encontram-se:
- Sangue de Boi, Frei Damião e Country Wine, da Cooperativa Vinícola Aurora .
- Canção, da Antonio Basso & Filhos .
- Jota Pe, da Vinícola Jota Pe .
- San Martin, Panizzon, Saboruva e Búfalo Negro, da Sociedade de Bebidas Panizzon .

novembro 12, 2002

VINHOS NACIONAIS - A BOA SAFRA DE 2002
A julgar pelos comentários de enófilos, sommeliers e técnicos, os vinhos da safra 2002 vão, de fato, superar todas as expectativas em termos de qualidade. Há muito não se registravam na Serra Gaúcha condições climáticas tão favoráveis, com muita insolação e poucas chuvas, propiciando o cultivo de uvas com elevado teor de açucar.
Já é possível encontrar vinhos tintos de uvas Gamay e Pinot Noir, ou brancos de uvas Chardonnay e Sauvignon Blanc, produzidos a partir dessa safra. No entanto, vinhos que pedem um maior envelhecimento, como os tintos Cabernet Sauvignon, Merlot ou Malbec, ainda levarão mais de um ano para chegar aos consumidores.
São notícias muito boas, quando se percebe o impacto da alta do dólar nos preços dos importados. É hora de dar mais atenção aos produtos nacionais.

novembro 06, 2002

HARMONIZAÇÃO - MASSAS E QUEIJOS
- Massas em molho leve ou branco: Espumante brut; branco jovem ou maduro; tinto jovem, leve, ou de médio corpo.
- Massas em molho condimentado ou vermelho: Espumante brut; tinto maduro, de médio corpo a robusto.
- Queijos frescos de massa mole (Frescal, Ricota, Requeijão): Branco; tinto jovem e leve.
- Queijos frescos de massa filada (Mozzarela): Branco; tinto jovem e leve.
- Queijos maturados de massa mole (Brie, Camembert): Branco maduro; tinto jovem a maduro encorpado.
- Queijos maturados de massa filada (Provolone): Branco maduro; tinto jovem ou pouco envelhecido.
- Queijos maturados de massa semi-dura (Emmenthal, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut): Tinto maduro de bom corpo.
- Queijos maturados de massa cozida (Roquefort, Gorgonzola, Stilton, Danablue): Tinto maduro robusto; branco doce superior ou fortificado doce.
- Queijos maduros de massa dura (Parmesão, Pecorino): Tinto maduro robusto ou fortificado.
RIOJA SOLARCE - DAS TERRAS DE ESPANHA
A região de Rioja (Denominação de Origem Controlada) é famosa pela produção de excelentes vinhos, prestigiados pelo mundo todo. E foi de lá que nos deparamos, esperando na prateleira do supermercado, com um SOLARCE, a um convidativo preço, abaixo dos R$15,00. Daí para a degustação não demorou muito.
É um tinto seco, elaborado e engarrafado na origem por Bodegas Alicia Rojas, S.A., de Ausejo. Possui 12,5% de graduação alcoólica e é da safra de 2001, com 85% de u7vas Tempranillo, 15% de Garnacha e 5% de Mazuelo.
A primeira impressão, a visual, nos indicava um vinho jovem (naturalmente), de cor rubi e reflexos de um vermelho claro. Límpido, com uma boa aderência.
Ao nariz, apresentou um agradável, suave e discreto aroma de madeira.
Ao prová-lo, confirmamos seu corpo não muito pronunciado e percebemos a presença esperada dos taninos. Não desceu tão redondo como gostaríamos, mas, nesta época de dólar alto, com reflexos diretos nos preços dos importados, não nos queixamos e podemos considerar o SOLARCE como uma opção válida.

novembro 05, 2002

HARMONIZAÇÃO - CARNES VERMELHAS
- Grelhadas ou em molho leve: Espumante brut; tinto jovem, leve, ou de médio corpo.
- Em molho forte: Tinto maduro, de médio corpo a robusto.
- Caças de pêlo: Tinto maduro robusto.

novembro 02, 2002

LUIGI BOSCA
Quem pensa que a Argentina vive só de tango erstá redondamente enganado. Lá também se produzem excelentes vinhos, e aqui estamos para comentar este Luigi Bosca.
É um Cabernet Sauvignon, safra de 1999, produzido e engarrafado por Bodegas e Viñedos Leoncio Arizu S.A. em El Paraíso, Maipú, Mendoza, um tinto seco, com 13% de graduação alcoólica.
De cor rubi intensa, corpo médio, possui um bouquet suave, onde se pode perceber, desde logo, um bom equilíbrio dos taninos, sem agredir nossas narinas. Ao prová-lo, sentimos sua consistência e a agradável sensação de preenchimento da boca, com as papilas linguais suavemente estimuladas.
Diríamos que é im vinho bastante agradável, desses que se degustam com tranqüilidade, sem pressa. Quem não conhece, pode experimentar. E não é dos mais caros no mercado.