julho 29, 2003

TEMPERATURA IDEAL DE SERVIÇO
A cada vinho corresponde uma temperatura ideal de consumo, na qual ele dará o melhor de si mesmo. Servido muito frio, abaixo de 4°C, os aromas mal poderão se expandir e as papilas serão literalmente anestesiadas. Muito quente, o vinho parece pesado, alcoólico, sem frescura.
A maneira mais simples de resfriar rapidamente um vinho é colocar a garrafa em um balde com água e gelo. Isto permitirá conserva-lo em temperatura adequada durante toda a degustação.
Vide na figura abaixo as faixas de temperaturas recomendadas.

MARADONA: DA BOLA PARA O VINHO
"Humm... Que buquê fantástico! Que sabor! Aposto que é um Maradona safra 2003". Vem aí uma linha de vinhos que levará a assinatura do astro do futebol argentino Diego Maradona.
O novo vinho, cujo lançamento comercial está previsto para agosto, está sendo produzido pela adega Raíces de Agrelo, de Mendoza. O primeiro lançamento será um blend de uvas Malbec e Cabernet Sauvignon, na limitada quantidade de 30.500 garrafas, a serem vendidas no poaís a um preço equivalente a US$5. Mais tarde, o vinho deverá ser exportado para países onde Maradona tem grande fama, como Itália, Espanha e Japão.
Mas não é só na Argentina que o veterano craque empresta seu nome à comercialização de vinhos. No Chile, a adega Viña Huelquén produz o "Divino", em cuja etiqueta aparece o rosto do polêmico ex-jogador, sob o emblemático "10", número que o imortalizou quando capitão da seleção argentina.
Em matéria de marketing, parece que tudo é válido. Da nossa parte, porém, não conseguimos imaginar a degustação de um bom vinho associada à imagem de um cabeludo e temperamental ex-jogador de futebol, protagonista, fora de campo, de atitudes que alcançaram triste destaque na mídia internacional. Há outras bebidas mais adequadas a competiçoes esportivas como o futebol.
Se a moda pega no Brasil... Quem seria a bola da vez? (Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/03)

julho 28, 2003

SINATRA EMBALA O VINHO
Notícia recente informa que a família de Frank Sinatra está lançando um vinho dedicado à memória do legendário cantor. Os produtores do "Sinatra Meritage Blend's", no Vale de Santa Ynez, Califórnia, dizem que tentaram sincronizar a canção com o processo - por exemplo, tocando "Old Devil Moon" durante o esmagamento das uvas, mas escolhendo "I Can't Get Started" por ocasião da prensagem. “O objetivo era criar uma quantidade limitada do melhor vinho possível em retribuição ao que Sinatra nos deu ao longo de tantos anos”.
Parte dos lucros irá para a Fundação Frank Sinatra, falecido em naio de 1998, aos 82 anos, vítima de um ataque cardíaco. (Fonte: Berry Bros. & Rudd Ltd, UK)
FESTA DO PORTO EM PARIS
Paris vai ser palco da primeira regata de barcos rabelos (embarcações usadas no transporte de barris de vinho) fora do rio Douro. A iniciativa está agendada para o período de 5 a 7 de Setembro e visa à promoção do vinho do Porto no que é o principal mercado de exportação do néctar português - em quantidade, mas que ainda valoriza mal o produto.
A regata é apenas um dos eventos previstos nesta “Festa do Porto em Paris”, a par de uma mostra de produtos portugueses. Estuda-se a hipótese de a Confraria do Vinho do Porto realizar uma cerimônia de entronização, no Centro George Pompidou.
A Associação das Empresas de Vinho do Porto saúda a idéia, sobretudo pelo fato de partir dos próprios importadores; mas mostra-se prudente, em virtude das limitações impostas pela legislação francesa, que impede a mídia de cobrir eventos sobre marcas de bebidas. (Fonte: Diário de Notícias, Pt)

julho 25, 2003

ROLHAS: CORTIÇA OU NÃO?
A cortiça é para Portugal o que o petróleo é para a Arábia Saudita. Mais da metade dos US$ 2 bilhões gerados mundialmente por sua indústria vêm de lá. É usada na produção de coberturas, isolamentos e vedações e garante emprego a aproximadamente 16 mil portugueses.
O crescimento da indústria mundial de vinhos, porém, disseminou o uso de rolhas de rosca e plástico. Então, qual seria o material mais adequado? Difícil concluir.
As rolhas de cortiça muitas vezes vazam e esfarelam, além de podeem criar um estranho odor, danificando os vinhos. E estavam se tornando caras. Por isso, os produtores de vinho da Austrália, Califórnia e até regiões nobres da França, como Bordeaux, estão dando espaço às alternativas. Na Suíça, metade das garrafas de vinho agora são vendidas sem as rolhas convencionais.
Mas a disputa entre os produtores de cortiça e seus rivais é grande. Em sites e jornais, a indústria de rolhas de rosca aponta as naturais desvantagens da cortiça. Os fabricantes de cortiça também contra-atacam: Recentemente descobriu-se que os odores de borracha nos vinhos brancos eram mais notáveis em garrafas com roscas que aquelas com cortiça.
Os dois lados, entretanto, atacam os produtores de rolhas sintéticas, dizendo que seus produtos são difíceis de serem extraídos das garrafas e podem trazer um gosto químico aos vinhos. E os produtores de rolhas plásticas dizem que os amantes de vinho querem que suas garrafas se abram com um estouro, não com uma rodada. (Fonte: The New York Times, 05/07/03).

julho 24, 2003

RIO SECO, UM ARGENTINO AGRADÁVEL
Mendoza é a mais importante zona vinícola argentina, com produção de 75% do total de vinhos do país e 85% dos vinhos de qualidade! Possui vários distritos, tais como Agrelo, Drumond, Luján de Cuyo, Maipú, Perdriel , Rivadavia, Rodeo de La Cruz, San Rafael e Tupungato. Deles, o mais importante é San Rafael, com seus sub-distritos de Paredes, Alto de Las Paredes e Rama Caída, que alguns consideram uma zona vinícola à parte de Mendoza.
De San Rafael experimentamos o Rio Seco, um vinho elaborado com uvas da variedade Bonarda, um tinto seco, safra 2001 e 12,5% de teor alcoólico. É exportado pela Bodegas Lavaque, presente na viticultura argentina desde 1889.
Segundo informações do rótulo, é um vinho de excelente estrutura, com intensa cor rubi, aromas de frutas vermelhas, cereja e groselha. E nossa impressão ao degustá-lo foi a de um vinho bastante agradável para o consumo do dia-a-dia, encorpado, estruturado e bem aromatizado. Seu preço se mostrou bastante acessível: R$8,00, uma pechincha perto dos nacionais.

julho 09, 2003

O VINHO FRANCÊS
Considerado um patrimônio nacional, o vinho francês é conhecido como um dos melhores do mundo. A França produz 60 milhões de litros de vinho por ano e só encontra competidores, tanto em termos de volume quanto de qualidade, na Itália e na Espanha.
A maioria das regiões produz vinho, em grande ou pequena quantidade. Cada uma tem o seu tipo de vinhedo, bem diferente dos outros. As regiões produtoras mais conhecidas, tanto pela qualidade quanto pelo volume, são cinco: Bordeaux, que fabrica o vinho mais conhecido e consumido pelos franceses; Borgonha, famosa por seus vinhos brancos, mas que também produz grandes tintos; Vale do Rhône; Alsácia, mais voltada para o vinho branco; Champanhe.
A noção de “terroir” (conjunto de dados naturais, climáticos e geológicos como a altitude, a orientação em relação ao sol) é muito importante. Poucos países no mundo podem se gabar de ter condições naturais tão perfeitas para a cultura de vinhedos.
Quanto às melhores safras, as de 1929, 1945, 1947 e 1961 foram excepcionais; outros anos ótimos foram 1988, 1989 e 1990. As melhores do último decênio seriam 1995, 1996 e 1998. (Fonte: Revista França – Brasil)

julho 03, 2003

CORTIÇA, A ROLHA PREFERIDA
Pesquisa patrocinada pela Associação Portuguesa da Cortiça – APCOR, realizada nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, revela que 76% dos consumidores regulares de vinho preferem as rolhas de cortiça aos produtos sintéticos. Foram consultadas 540 pessoas, segundo os critérios de local de compra, sexo e idade.
A preferência pela cortiça foi de 80% nos EUA, 78% no Reino Unido e 71% na Austrália. Dos consumidores que optaram por esse material, 88% apontam a característica natural como a principal vantagem; 86% a associam à tradição; 74% a consideram o vedante que melhor encaixa na garrafa; e 69% acreditam que a rolha de cortiça é um sinal de qualidade do vinho.
Portugal é o maior produtor mundial de rolhas de cortiça, mas vêm surgindo manifestações favoráveis aos materiais sintéticos. (Fonte: Revista de Vinhos, maio/2003)

julho 02, 2003

AMPLIE SUA BIBLIOTECA
Mais uma obra sobre vinhos vem de ser lançada. Desta vez, pela Editora SENAC Rio e sob o título “Sommelier, Profissão do Futuro - Técnicas Para Formação Profissional".
O livro se propõe a ajudar quem deseja descobrir os segredos para identificar um bom vinho e, ainda, os que pretendem se habilitar para exercer a atividade de “sommelier”. Nele se aprende a conhecer para que servem os utensílios utilizados por esse profissional, além de ampliar os conhecimentos dos leigos sobre combinações entre comida e vinho. (Fonte: Folha Online, 18/06/03)
O CÉREBRO DOS ENÓLOGOS
Segundo um estudo divulgado em Roma, a parte do cérebro que comanda o pensamento é ativada quando um enólogo bebe vinho, aumentando o prazer na degustação, o que não acontece num consumidor normal.
Durante a pesquisa, que avaliou a capacidade perceptiva e aprendizagem cerebral, foram visualizadas as áreas do cérebro que se ativaram em sete enólogos e noutros tantos consumidores de vinho normais enquanto bebiam. Exames de ressonância magnética comprovaram que no cérebro dos peritos são ativadas tanto partes do hemisfério direito como do esquerdo (relacionado com o pensamento), enquanto que, nos outros casos, apenas o lado direito (o das emoções) dá sinais de movimento.
Durante a experiência, os participantes beberam primeiro um copo de água com açúcar, seguido de vinhos de distintas classes, de forma a averiguar que áreas do cérebro se ativavam em cada caso.
A conclusão é que os enólogos experimentam uma maior satisfação na degustação do vinho. E, ainda, que a área esquerda do cérebro é ativada devido a um maior conhecimento e aprendizagem dos peritos em vinho.
A atividade das diferentes áreas do cérebro foi medida na fase prévia e posterior à ingestão do vinho. A principal diferença entre o perito e o consumidor normal é a degustação, momento em que o enólogo ativa a área do cérebro ligada ao pensamento. (Fonte: Folha Online, 27/05/03)

julho 01, 2003

AINDA ESTAMOS NO "VINHO ZERO"
Manuel Beato, sommelier do Restaurante Fasano, deu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada na Folha Online em 13 de março passado, abordando a questão do vinho nacional. Pela clareza e evidência de suas argumentações, com as quais concordamos plenamente, reproduzimos abaixo o texto, fazendo coro com Beato e perguntando ainda: Mas quando?
"O vinho brasileiro é bom? Há bons vinhos. Mas em relação a quê? E, afinal, o que é um bom vinho? Se para Pound "grande literatura é a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível", o grande vinho será uma obra-prima de concisão, intensidade, complexidade e só pode ser criado em condições privilegiadas.
É preciso reconhecer então as limitações da nossa geografia e da nossa mentalidade produtiva. As dificuldades situam-se, sobretudo, na área da viticultura (cultura das vinhas), que é justamente, segundo a maioria dos melhores produtores do mundo, a peça principal para o grande final.
Há carência de agrônomos atualizados, bem como de agricultores mais conscienciosos. Tem se privilegiado, em vez da qualidade, a quantidade herdeira e responsável por uma produção tradicionalmente rústica, de vinhos comuns. Por que nossa produção não começa pelo começo, apostando num estágio básico de qualidade, num vinho correto, agradável e, na medida do possível, estável? Para isso faz-se necessário dar uma cara para essa boa, ainda virtual, poesia líquida. Se é impossível criar um vinho soberbo, podemos, porém, melhorar sobremaneira o que já existe de bom.
A maior parte de nosso vinho ainda decepciona. Falta à nossa vitivinicultura seu sotaque peculiar. Como um time entrosado. Variado, mais coeso.
Além disso, para a formação imprescindível de um público, é preciso haver uma política de preço justa e coerente. É inaceitável pagar mais de R$ 30 por um vinho conterrâneo, diante de bons chilenos, portugueses, argentinos e espanhóis que tantas vezes custam bem menos que isso. Ao pensar num presente, por exemplo, por que não estender a categoria de custo-benefício (preço-prazer) do eterno CD e gravata a um possível mundo novo do vinho nacional?
Passo a passo, porém, só agora a nossa identidade começa realmente a ser discutida. Com a melhor tecnologia, enólogos competentes e produtores sérios desenvolvemo-nos nas últimas décadas e, sobretudo, na última; contudo, o mosto só começa mesmo a borbulhar neste novo milênio. Se até então se apostava na serra gaúcha como nossa melhor região, agora a bola da vez é a Campanha, região do Rio Grande do Sul próxima à fronteira com o Uruguai, onde chove pouco, os terrenos são menos acidentados e o sistema de plantio mais adequado. Alguns produtores acreditam que de lá surgirá o nosso melhor vinho. Entre os que desde já merecem nossos aplausos por seus esforços e tentativas estão os seguintes produtores: Don Laurindo, Miolo, Valduga, Pizzato, Dal Pizzol, Chandon, Salton, Lovara, Marson e Baron de Lantier. Como me disse um deles, a ponto de inspirar-me o nome desse texto, "estamos começando do zero". Talvez o país também. Felipão valorizava o zero a zero, Pixinguinha, idem. Agora é com vocês abrir o placar, deitar e rolar. Ao leitor entusiasmado e principiante (como nosso vinho), há dicas sobre como apreciar um bom vinho. Mas isso fica para uma próxima vez
".