setembro 17, 2004

VINHOS DA FRANÇA - BOURGOGNE
Sem dúvida, as duas regiões vinícolas de maior prestígio em todo o mundo estão na França: Bordeaux e Bourgogne, cada uma com características próprias e marcantes. A Bourgogne é uma província com milhares de propriedades muito pequenas e, em sua maioria, desconhecidas, com honrosas exceções, como o Domaine de La Romanée-Conti.
A região se estende por 300 km no centro-leste do país, desde Chablis até a região dos Beaujolais e contém pelo menos cinco das melhores sub-regiões produtoras francesas. Seus vinhos são conhecidos pela diversidade de sensações aromáticas e gustativas que oferecem, assim como pela sofisticação e preços elevados.As cinco grandes sub-regiões da Bourgogne são: Côte d'Or, Chablis, Côte Mâcconnaise, Côte Chalonnaise e Beaujolais. Seus tintos são produzidos a partir da uva Pinot Noir, e os brancos, da Chardonnay. A exceção está nos tintos de Beaujolais, que são feitos com a uva Gamay.
A uva Pinot Noir produz vinhos de aromas, sabor e textura excepcionais, de classe imbatível, que oferecem sensações olfativas e gustativas absolutamente únicas. Esses vinhos tendem a ter corpo leve, poucos taninos, aromas intensos de frutas vermelhas e florais e, quando amadurecem, podem apresentar grande complexidade aromática. A uva Chardonnay origina vinhos acessíveis, de aromas frutados. E a Gamay é intensamente frutada e floral, com taninos leves e produz bons vinhos jovens, mas com pequeno potencial de envelhecimento.
Os vinhos da Boutgogne são especialmente adequados ao nosso clima tropical, em função de sua leveza e jovialidade.
São estas as sub-regiões da Bourgogne:
Côte d'Or - De longe a região mais importante, dos mais famosos e raros vinhos da região, como os do Domaine de la Romanée-Conti. A Côte d'Or é dividida em Côte de Nuits, ao norte, e Côte de Beaune, ao sul.
Chablis - Berço de excepcionais brancos secos de Chardonnay. Os melhores levam a denominação de Chablis Grand Cru, os intermediários, de Chablis Premier Cru e os mais simples, Chablis. À mesa acompanham crustáceos, frutos do mar, peixes e carnes brancas. São vinhos límpidos, encorpados, de sabor mineral e poderosos.
Côte Mâcconnaise - Produz vinhos brancos, principalmente de Chardonnay. São famosos os seus Pouilly-Fuissé, brancos, muito aromáticos.
Côte Chalonnaise - Continuação natural da Côte de Beaune, é formada por uma conjunção de vilas, tais como Mercurey, Givry, Montagny e Rully.
Beaujolais - Terra dos alegres tintos de Gamay, desde ótimos e subestimados Crus e Villages aos menos importantes mas festejados Beujolais Nouveau, com seu característico aroma de casca de banana, trazidos ao mundo todas as terceiras quintas-feiras de novembro.

setembro 16, 2004

VINHOS DA FRANÇA - BORDEAUX
A região de Bordeaux produz vinhos que se incluem entre os mais desejados do mundo e sua riqueza é comprovada com os nove vinhos classificados como “premiers crus”, sendo oito tintos e um branco.
Localizados no sudoeste da França, os vinhedos se estendem ao longo dos rios Gironde, Garonne e Dordogne. A proximidade com o Atlântico proporciona clima favorável ao cultivo, mas o solo de cascalhos e pedras também exerce influência importante na qualidade.
Bordeaux é o maior distrito do mundo em produção de vinhos finos. Conta com mais de 13 mil vinícolas e 54 “appélations d´origine” (denominações de origem), o que representa 25% das denominações da França. Todos os seus vinhos são produzidos por uma mistura de 3 variedades de uvas, em média, em proporções definidas pelo produtor.
A classificação mais importante dos vinhos bordaleses foi a de 1855. Nela, 59 “châteaux” foram avaliados como “Crus Classes” - de “premiers” a “cinquièmes crus” - de acordo com os preços que eles alcançaram nos 100 anos anteriores a 1855.Na época, os “premiers crus” eleitos foram Château Lafite, Château Latour, Château Haut-Brion e Château Margaux. O Château Mouton teve de esperar mais 118 anos para chegar ao topo deste ranking, por uma concessão especial obtida pelo barão Philippe de Rothschild.
Entre as uvas tintas estão Cabernet Sauvignon (predominante), Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec. Entre as brancas encontram-se Sauvignon Blanc, Sémillon e um pouco de Muscadelle.
Os vinhos de Bordeaux podem se classificados pelos tipos genéricos, pelas regiões e pelas comunas em que são produzidos.
Os genéricos (feitos em qualquer parte de Bordeaux) compreendem: rouge, blanc sec, supérieur rouge e supérieur blanc.
Existem seis sub-regiões:
Graves: Produz os melhores brancos secos da região. O vinho mais conhecido é o tinto Château Haut-Brion.
Médoc: Produz os melhores e mais nobres tintos e onde reina a uva Cabernet Sauvignon. Esta região é ainda dividida nas comunas de Margaux (do conhecido Château Margaux), Saint-Julien, Pauillac (com 3 premiers crus: Lafite-Rothschild, Latour e Mouton-Rothschild), Saint-Estèphe, Moulis e Listrac.
St.-Emilion: Produz grandes tintos, com ares menos nobres do que o Médoc. As uvas predominantes são Cabernet Franc e Merlot. Podem ser consumidos cedo e mantêm suas qualidades por bom tempo. Os destaques são os Châteaux Ausone e Cheval Blanc.
Pomerol: A uva Merlot também se adaptou melhor ao seu solo argiloso (95% da uva está presente na elaboração dos crus). Não possui muitas vinícolas, mas o Château Pétrus projetou a região no mundo dos vinhos.
Sauternes: Elaborados basicamente a partir da uva Sémillon, os Sauternes são famosos pelos vinhos de sobremesa. O sucesso de seu sabor particular está na ação do fungo “Botrytis cinérea”, que ao atacar a uva concentra seu açúcar, produzindo vinhos doces naturais. Toda a região produz vinhos botritizados.
Entre-Deux-Mers: Local não tão apreciado entre os vinhos bordaleses - são caros para sua qualidade, mas apresentam melhoria nos últimos anos. Consumidos entre 2 a 3 anos depois de produzidos.

setembro 14, 2004

VINHOS DO URUGUAI
Artigo escrito por Sérgio Inglêz de Sousa, enólogo e autor de vários livros e que teve a oportunidade de visitar o Uruguai::

"O vinho produzido no Uruguai vem sendo descoberto pelo mercado internacional num processo ainda em andamento que começou há cerca de quinze anos.Em 1988, uma dupla de especialistas norte-americanos, contratada para avaliar e sugerir uma saída para a vitivinicultura uruguaia, concluiu que o vinho fabricado com a uva Tannat, que era comercializado como um produto rústico ou misturado com vinho de uva Isabel nos garrafões, era na verdade um produto fino e tinha um potencial mercadológico consideravelmente mais amplo.A partir daí foram reestruturados os vinhedos, as práticas culturais, as instalações das adegas e os processos de vinificação, sempre visando a produção de vinhos finos, de nível premium no mercado internacional.Em 1987 foi criado o INAVI - Instituto Nacional de Vitivinicultura -, como pessoa jurídica de direito público, para a execução da política vitivinícola nacional, com autonomia e independência técnica, financeira e política.

Os Pioneiros
As primeiras adegas que acreditaram no projeto foram a Vinos Finos J. Carrau e a Bodega Pisano, em 1992. Em seguida o processo se generalizou e a vitivinicultura uruguaia passou a incrementar não só a produção do fino Tannat mas, também, de outros varietais clássicos.Em programa agendado pelo INAVI estive visitando parte das principais vinícolas, degustando vinhos e verificando que realmente existe estrutura para uma produção da qualidade.Os varietais podem ser feitos a partir das uvas brancas Riesling, Sauvignon Blanc, Viognier e Chardonnay, ou das vermelhas Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot."
AS VINÍCOLAS DO URUGUAI (1)
Sérgio Inglêz de Sousa, enólogo e autor de vários livros, fez um relato das vinícolas que visitou no Uruguai, quando lá esteve a convite do INAVI. Abaixo a transcrição:

Bodega Los Cerros de San Juan (La Horqueta – Colonia)
Em 1854, Lausenth Booth construiu a adega Los Cerros de San Juan com materiais alemães e carvalho trazido da Floresta Negra. Ao redor de 1887, sob a liderança do novo proprietário, Terra Oyenard, a adega conheceu grande progresso e o Tannat se transformou no seu vinho básico.Com seus vinhedos e adega centenários, produz a linha varietal básica San Juan Connaisseurs, linha varietal Premium Cuña de Piedra, com destaque para o Chardonnay, Cabernet Sauvignon e o Tannat. O rótulo Jubileum, traduz um Ultra-Premium Tannat, com uvas de vinhedos com idades calculadas em mais de 100 anos.

Establecimientos Dante Irurtia (Carmelo – Colônia)
É uma empresa familiar fundada pelo basco Don Lourenzo Irurtia, cuja primeira colheita se deu em 1913. Em 1954 assumiu seu atual comandante, Dante Irurtia, que promoveu a expansão de vinhedos selecionados para produção de vinhos de qualidade internacional, atingindo hoje a posição de maior área de vinhas do Uruguai.Na grande variedade de linhas de produtos destacam-se em nível crescente de qualidade: Varietais Irurtia, Cosecha Particular Irurtia (Premium), Posada del Virrey (Super-Premium), com destaque para o Viognier, o Tannat e o Tannat-Cabernet, o Reserva del Virrey (Ultra-Premium) com carvalho, o Tannat e o Chardonnay.

Bodega Juan Toscanini & Hijos (Canelon Chico)
Depois de trabalhar em terras arrendadas, o imigrante genovês Don Juan Toscanini adquiriu sua propriedade em Canelon Chico, distante 30 Km de Montevideo, onde, em 1908 fundou a adega.Em 1980 foi iniciada a reconversão dos vinhedos, substituindo as velhas cepas por variedades clássicas importadas da França: Tannat, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Nos anos 90 o estreitamento dos contatos com áreas famosas da Europa incentivaram o programa de produção de vinhos Premium. As linhas de produtos estão divididas em três níveis. Os rótulos Alma Joven trazem cortes em branco e em tinto; os rótulos Toscanini formam a linha clássica com os varietais de praxe e um interessante corte Tannat-Merlot. Os rótulos Selección de Viñedo Toscanini - a linha Carvalho -, trazem o Tannat e o Chardonnay, dois Ultra-Premium.
AS VINÍCOLAS DO URUGUAI (2)
Bodegas Castillo Viejo (Canelones e San Jose)
Empresa familiar fundada em 1927 por Don Santos Etcheverry, em Canelones, a 28 Km de Montevideo. Em 1950, Horacio Etcheverry expandiu a produção e comercialização dos seus vinhos. Em 1978 a condução dos negócios da empresa passou para as mãos dos irmãos Edgardo, Alexandro e Ana Maria Etcheverry, que implementaram uma grande reconversão dos vinhedos e da tecnologia da adega.A produção está dividida em quatro linhas de vinhos finos. A linha de varietais básicos - Viento Sur -, para consumo fácil e dentro da juventude do vinho. Outra linha básica é a Catamayor Varietal, onde se destaca o Sauvignon Blanc. Subindo para a classe dos vinhos Super-Premium, a linha Catamayor Corazón de Roble oferece Chardonnay e Tannat-Cabernet Franc. No nível superior, podem ser apreciados os Ultra-Premium Vieja Parcela, Sauvignon Blanc e Cabernet Franc, este um vinho muito bom.

Bodega Pisano (Progreso)
Esta vinícola foi iniciada em 1914 pela família Pisano com a plantação de vinhedos de variedades européias e veio a elaborar o seu primeiro vinho em 1924. Adquiriu renome pela filosofia de produzir quantidades limitadas, resultado de trabalho artesanal.Esta forma de trabalhar pode ser comprovada na praticidade das suas instalações, deliberadamente básicas, evitando muitas manipulações. O engarrafamento e a aplicação de rolhas são operações feitas em pequenas máquinas manuais, o que propicia inspeção permanente da produção. Sua linha de produção se divide em três níveis: os Premium Coleção 1° Viña, Viognier-Chardonnay, Torrontés Riojano, Merlot-Tannat, Tannat e Cabernet Sauvignon, os Super-Premium RPF – Reserva Personal de la Familia, Chardonnay, Pinot Noir, Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon, e, finalmente, o Ultra-Premium Gran Reserva, Pisano Arretxea, composto de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat. As premiações internacionais provam a validade da filosofia adotada pela vinícola.

Establecimiento Juanicó (Juanicó - Canelones)
Em 1840, Don Juanicó construiu cavas subterrâneas na sua propriedade, terras onde hoje está situada a cidade de Juanicó, e iniciou a plantação de vinhedos. Ainda na primeira década de 1900 a propriedade foi comprada pela família Seré, que estabeleceu a adega Cortijo Ensayo, visando a elaboração de vinhos no estilo europeu. Mais adiante, a estatal ANCAP assumiu a empresa e partiu para a produção de destilados. Após três décadas, a empresa foi adquirida por Juan Carlos Deicas, que construiu a nova face da Juanicó, a que perdura até hoje. Seus produtos principais são oferecidos com o rótulo Don Pascual, homenagem ao pioneiro da vitivinicultura uruguaia, Pascual Harriague. Sob este rótulo estão as linhas básicas Clássica e Reserva, e uma linha Super-Premium Roble com Chardonnay-Viognier, Tannat e Cabernet Sauvignon. Num nível de Ultra-Premium, o rótulo Preludio, um delicioso corte de Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. As medalhas de ouro que vêm colecionando os Roble e o Preludio comprovam a boa performance internacional destes vinhos.
AS VINÍCOLAS DO URUGUAI (3)
La Aurora (Canelones)
Quando começou a faltar uvas européias para elaboração de vinhos finos aqui no Brasil, a Cooperativa Vinícola Aurora descobriu o Cabernet Sauvignon e o Tannat, uruguaios. Não titubeou e foi para o Uruguai se estabelecer para produção de vinhos finos.Hoje a Aurora é uma das maiores exportadoras daquele país. Além do varietal básico Conde de Fouculd Cabernet, produz a linha varietal Premium Marcus James, Cabernet Sauvignon e Tannat, além do corte Super-Premium Solar Del Paso, Tannat-Merlot, comercializado na Europa.

Vinos de La Cruz (Florida)
Fundada em maio de 1887, por Julio Arocena, numa época em que vários pioneiros trabalhavam novos vinhedos, é a vinícola mais antiga do país, iniciando com produção de Malbec, Tannat e Follie Noir.O neto do fundador, Juan Jose Arocena, executivo da empresa há décadas, participou da frente nacional de melhoria da qualidade do vinho uruguaio, especialmente da revelação do Tannat, como vinho fino, em 1989.Desde 1997 a empresa desenvolve um grande projeto de produção de vinho ecológico, esforço coroado de pleno êxito quando, em 2001, assumiu a posição de primeira vinícola ecológica da América do Sul.Sua linha Vino Ecológico ou Orgânico compõe-se de varietais Super-Premium branco da casta Arriola, rosado de Moscatel e, tintos Malbec, Merlot e Pinot Noir, este um grande vinho.Informação para ser checada: são vinhos permitidos para diabéticos, segundo aprovação da Associação de Diabéticos do Uruguai.

Bodega Castel Pujol - J. Carrau (Cerro do Chapéu)
A Castel Pujol tem suas instalações antigas e tradicionais em Las Violetas (Canelones) e, recentemente, construiu uma nova e moderna adega em Riviera, divisa com o Brasil.Nestas novas instalações está produzindo os varietais básicos, Cerro do Chapéu Sauvignon Blanc, para ser bebido jovem, o Cerro do Chapéu Cabernet Sauvignon, com amadurecimento, e dois Super-Premium: o Amat Gran Reserva Tannat e o !752, um reserva cortado de Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot.Observação final:Uma excelente notícia para os apreciadores de vinho e do bom churrasco: nossos supermercados e casas especializadas deverão incrementar grandemente suas ofertas de vinhos uruguaios em 2003!
O EQUILÍBRIO DE UM VINHO
O equilíbrio de um vinho representa um fator essencial para a determinação da qualidade do mesmo. Um vinho bem equilibrado com certeza será agradável e as impressões gerais deixadas na boca serão positivas.
As sensações gustativas fazem parte da definição de equilíbrio e são divididas em duas categorias: a dos elementos doces e a dos demais elementos. Os elementos doces são representados por qualquer substância que, fundamentalmente, tenha um gosto doce, tais como açúcar, álcool e glicerol, enquanto os outros elementos serão representados por ácidos, sais minerais e, no caso de vinhos tintos, componentes fenólicos e taninos.
Cada categoria tende a contrastar a outra para se equilibrarem mutuamente e a quantidade de elementos presentes em ambas é que tornará um vinho equilibrado. Para ser equilibrado, portanto, um vinho precisa conter uma quantidade de elementos doces que efetivamente contrastem e equilibrem os outros elementos, ou seja, criar um perfil gustativo equilibrado no qual os elementos de cada categoria não se sobreponham aos demais.
O conceito de equilíbrio varia de acordo com o tipo de vinho, branco ou tinto, devido aos fatores que geralmente tornam cada tipo agradável, e também por causa da natureza e quantidade dos elementos que constituem o vinho.
Um exemplo do dia-a-dia serve para ilustrar o assunto: quando se adiciona açúcar a um sumo de limão até o ponto desejado, na realidade está-se a equilibrar a acidez do sumo com o seu sabor para torna-lo mais agradável. Açúcar a menos provoca desequilíbrio ácido; açúcar a mais provoca desequilíbrio no sabor, a bebida se torna enjoativa.
O desequilíbrio alcoólico provoca um ardor na boca, originando vinhos quentes (imagine-se a sensação das bebidas brancas). A sua doçura provoca vinhos enjoativos.
O desequilíbrio dos taninos torna a prova demasiado seca (sem sabor) e rugosa (como beber chá preto sem açúcar). No entanto, não se deve esquecer que nos vinhos tintos jovens o tanino domina com freqüência. Mas essa presença em excesso tem que enriquecer os sabores e aromas em vez de os encobrir.
O desequilibro ácido provoca vinhos adstringentes e amargos (como beber sumo de limão puro).

setembro 13, 2004

O CORPO DE UM VINHO
Quando se bebe um vinho, é comum ouvir-se que o mesmo é "encorpado". Para bem se entender o significado da expressão, é de fundamental importância que se tenha muito claro o conceito de corpo.É um termo usado em degustação para caracterizar o "peso" aparente do vinho, ou seja, a sensação de plenitude resultante da densidade ou viscosidade do vinho no palato. De uma forma mais simples, pode também ser descrito como quão diferente da água é a sensação que o vinho causa na boca.
Para indicar a gradação do corpo do vinho usa-se uma escala como a seguinte: magro, pouco corpo, bom corpo, muito encorpado e massudo. Em outras classificações, as extremidades da escala costumam ser o corpo leve e o muito encorpado.
Após a água, em termos quantitativos, o álcool (predominantemente o etanol) é o principal componente dos vinhos. Sua viscosidade é muito maior que a da água, sendo o maior responsável pela sensação de plenitude, ou corpo, quando ao vinho é permitido passear livremente pela boca. O teor alcoólico de um vinho, ou seja, a quantidade de álcool existente no vinho, é, portanto, claramente, um fator importante na determinação do corpo do mesmo: quanto mais alcoólico um vinho, mais encorpado este será.
Os sólidos dissolvidos no vinho, isto é, o extrato, também podem contribuir significativamente para o corpo, com a ressalva que os vinhos doces não são necessariamente encorpados. Tome-se como exemplo o vinho italiano Asti Espumante, que é doce, porém, extremamente leve (ou magro), por ter um teor extremamente baixo de álcool.
É importante que se diga, porém, que o corpo não está relacionado com a qualidade do vinho, sendo o equilíbrio mais importante do que ser o vinho mais ou menos encorpado. Mas este é outro assunto.
PEQUENO GLOSSÁRIO DO VINHO
ABERTO - diz-se de um vinho de cor clara ou que apresenta pouco equilíbrio na boca.
ACIDEZ - Sensação de frescor agradável, provocada pelos ácidos do vinho (cítrico, tartárico, málico, lático, succínico) e que resulta em salivação. Existem vários componentes "ácidos" no vinho sem os quais o vinho teria um sabor "chato" ou "mole". Algumas uvas têm uma maior concentração de ácido málico, um ácido que lhe provoca uma sensação de aspereza idêntica à que percebe quando trinca uma maçã ácida e verde. Algumas técnicas de vinificação estão preparadas para reduzir e amaciar esta sensação de acidez. A percepção de acidez, como em muitos outros componentes sabidos do vinho, é marcada por contraste. A doçura e a acidez por exemplo, equilibram-se uma à outra. Um vinho muito ácido, mas também algo doce apresenta-se no seu conjunto como menos ácido. Os taninos e a acidez, por outro lado, potenciam-se mutuamente. Um tinto com muitos taninos que tem muita acidez parecerá ter mais tanino, ou ser mais ácido.
ACIDEZ FIXA - Conjunto dos diferentes ácidos orgânicos que se encontram no mosto e no vinho. Pode ser fixa ou volátil.
ACIDEZ VOLÁTIL - Acidez desagradável provocada pelos maus ácidos do vinho (acético, propiônico e butírico)
ACIDEZ TOTAL - O conjunto de todos os ácidos do vinho que se expressa geralmente em gramas de ácido tartárico por litro de líquido.
ADSTRIGENTE - com muito tanino, que produz a sensação de aspereza (semelhante à sentida ao comer-se uma banana verde); o mesmo que tânico
ALCOÓLICO - com muito álcool, desequilibrado
AROMA - odor emanado pelo vinho. O primário é proveniente da uva. O secundário é resultante da vinificação. O terceário origina-se do envelhecimento e é denominado bouquet
AROMA DE BOCA - ver retrogosto
ÁSPERO - com excessivas adstringência e acidez (esta um pouco menor)
AVELUDADO - macio, untuoso, viscoso com textura de veludo
BALANCEADO - que apresenta harmonia entre os aspectos gustativos fundamentais, em especial a acidez, a doçura, a adstringência e o teor alcoólico o mesmo que equilibrado
BOUQUET - aroma complexo, também denominado aroma terciário, resultante do envelhecimento
CARÁTER - conjunto de qualidades que dão personalidade própria ao vinho permitindo distinguí-lo de outros
CORPO - sensação tátil do vinho à boca, que lhe dá peso (sensação de "boca cheia") e resulta do seu alto teor de extrato seco
DESEQUILIBRADO - que possui exacerbação de um dos componentes gustativos, mascarando-os (ex: excessiva acidez, tanicidade exagerada, doçura elevada); o mesmo que desequilibrado
ENCORPADO - que tem muito corpo
EQUILIBRADO - o mesmo que balanceado.
FORTIFICADO - vinho com elevado teor alcoólico, suculento e bem encorpado. Também chamado de generoso. Recebe este nome por lhe ser acrescentada aguardente vínica, o que faz aumentar sua graduação alcoólica
GENEROSO - o mesmo que fortificado
JOVEM - vinho geralmente frutado, pouco tânico com acidez agradável e que não se presta ao envelhecimento (Ex: vinhos brancos em geral, espumantes e a maioria dos vinhos brasileiros); pode também significar vinho recém-produzido, que pode e deve envelhecer
LONGO - de boa persistência (ver verbete)
MADEIRIZADO - vinho branco oxidado que adquire cor que vai de dourada a castanho, aroma adocicado (cetônico) e gosto amargo
MADURO - no apogeu de sua vida; estado que precede a decadência
PERSISTÊNCIA - sensação do gosto deixado pelo vinho na boca (retrogosto) após ser deglutido ou cuspido. Quanto melhor o vinho, maior o tempo de persistência, do retrogosto: 2 a 3 segundos nos curtos, 4 a 6 segundos nos médios e de 6 a 8 nos longos
REDONDO - maduro e equilibrado
RETROGOSTO ou AROMA DE BOCA - sensação gustativo-olfatória final deixada pelo vinho na boca, após ser deglutido ou cuspido. Ela é percebida através da aspiração do ar pela boca, o que provoca a sua passagem pela nasofaringe (comunicação entre a boca e o nariz) e a conseqüente estimulação dos receptores olfativos no nariz. Alguns estudiosos preferem utilizam a palavra retrogosto para as sensações desagradáveis percebidas ao final da degustação
TÂNICO - que tem muito tanino ou no qual o tanino sobressai; o mesmo que adstringente e duro
TANINO - substância existente na uva e que confere a adstringência ao vinho
TERROIR (francês) - literalmente designa o "terreno" onde se localiza um vinhedo, mas o seu sentido é muito mais amplo. Na realidade, designa as características do solo, do microclima e do ecossistema do local, responsáveis pela qualidade do vinhedo e, conseqüentemente, pela qualidade do vinho que ele originará.

setembro 12, 2004

A UVA SYRAH
A Syrah se destaca como uma das grandes uvas que chegaram aos nossos dias. Com ela se elaboram vinhos de notável qualidade e bom potencial de envelhecimento, tanto no sul da França quanto em outras regiões do mundo. Também é conhecida como Shiraz, nome que ganhou na Austrália, onde se adaptou muito bem.
Sua origem sempre foi controversa, mas hoje há duas hipóteses mais prováveis: a de que a cepa tenha sido trazida da Pérsia para o sul da França por cavaleiros cruzados, com o nome originado da cidade de Shiraz; outra - a que vem ganhando mais adeptos - é a de que se trata de uma uva autóctone do Ródano, descendente da "vitis allobrogica", produzindo vinhos finos naquela região desde os tempos da dominação romana.
A Syrah cresce bem em inúmeras áreas, gosta de climas quentes e produz vinhos complexos e distintos, escuros, alcoólicos e com aromas e sabores de especiarias. Seus taninos se apresentam redondos e suaves desde a juventude. A Syrah francesa e a Shiraz australiana são idênticas no aspecto vitivinícola, mas não no sabor, devido às diferenças de "terroirs" e vinificação: a australiana é mais doce e madura, sugerindo chocolate; a francesa dá um vinho mais sabendo a pimenta e especiarias.

setembro 07, 2004

TERCEIRO ANIVERSÁRIO
Este site completa hoje seu terceiro aniversário e não poderíamos passar sem um agradecimento especial a todos que nos prestigiaram com sua visita. Apesar de termos sido obrigados a mudá-lo de endereço - por motivos alheios à nossa vontade - justamente numa fase em que se estava tornando bastante conhecido, foi uma grata surpresa constatar que as visitas continuam e chegam hoje perto dos 13.900 acessos. Para nós, um bom indicador e também um estímulo para mantê-lo ativo, agora em parceria com outro site nosso - "O vinho e seus prazeres", este com uma estruturação um pouco diferenciada. Obrigado a todos!

setembro 02, 2004

DEGUSTAÇÕES PROGRAMADAS 2004
VINHO #13: ESPORÃO GARRAFEIRA 1990 (V.Q.P.R.D.)
Na seqüência dessas degustações, este vinho despertava nossa curiosidade pela sua "idade avançada": não tínhamos a menor idéia de como o mesmo iria se apresentar, depois de guardado por tanto tempo em condições não muito controladas. Sabíamos, porém, que estávamos frente a um vinho de muito boa reputação, um produto de respeito no mercado.
Este Garrafeira foi produzido e engarrafado na Herdade do Esporão, no Alentejo, onde o solo é formado por vulcanitos e xistos. Estagiou por um ano em barricas de carvalho americano e depois aguardou mais três em garrafa, antes de ir para o mercado. Possui 12% de teor alcoólico. Sua safra é classificada como uma das quatro "excepcionais" da região, no período de 1985 a 2000 (Saul Galvão, "Guia de Tintos & Brancos", 2004).
O primeiro "choque" veio ao coloca-lo na taça e perceber a sua cor: o vermelho já havia dado lugar a uma coloração castanho, evidenciando que já atingira (ou estaria atingindo) o apogeu. Uma cor homogênea, bem diferente das que costumamos encontrar na maioria dos vinhos que bebemos, não tão envelhecidos. Despertou uma ponta de preocupação. Mas, logo em seguida, ao nariz, veio a surpresa: mesmo não dando para perceber outros aromas que não o da madeira, com um certo toque de defumado, a sensação foi bastante agradável. Sentimos, então, que estávamos ainda diante de um bom vinho, agora um "respeitável senhor".
Na boca, mostrou um bom equilíbrio e confirmou o que já se havia sentido no teste olfativo. Não era muito encorpado, mas de qualquer modo mais que os famosos vinhos da Borgonha... Restou-nos apenas uma dúvida: em que ponto da curva de envelhecimento se encontrava? Teria já atingido o ponto ideal? Ou poderia ainda envelhecer por mais um tempo? São perguntas que faríamos a quem o tenha degustado em anos recentes. Pontos: 82