abril 19, 2005

VINHO ORGÂNICO
Frutas e verduras orgânicas, aquelas produzidas sem o uso de agrotóxicos, já são presença comum nas gôndolas de supermercados. Não é de estranhar, portanto, que a moda tenha chegado aos vinhos - afinal, eles nada mais são que sucos de uva fermentados, feitos de frutas amassadas com casca e tudo. Não existe nenhuma prova de que vinhos orgânicos sejam melhores para a saúde. Mas ninguém sabe exatamente os efeitos a longo prazo dos 240 tipos de pesticida usados hoje em dia. Sem eles, certamente teríamos menos ressaca, menos alergias e vinhos com sabor mais natural. A onda começou nos anos 60, durante a era hippie, com um grupo de produtores da Califórnia que se converteu ao naturalismo. Na década de 90, chegou à Europa, depois que a doença da vaca louca e os transgênicos fizeram os consumidores pensar duas vezes antes de levar qualquer coisa à mesa. A tendência deslanchou de vez com a adesão de alguns monstros sagrados. Na Borgonha, o principal foi a família Villaine, que produz o Romanée-Conti, um dos vinhos mais caros do mundo, com preço de até US$ 20 mil a garrafa. No sul da França, a família Chapoutier, a maior produtora de vinhos do tipo “hermitage”. Hoje, 3% da produção mundial são de vinho orgânico, e a moda alcançou a América do Sul - a Argentina, com produtores como Norton e Santa Julia, e o Chile, em bodegas como a Viña Carmen. Várias garrafas já podem ser encontradas nas redes de supermercados. Para evitar o uso de pesticidas, os orgânicos cultivam entre as videiras algumas espécies vegetais que espantam os insetos. Outros irrigam os vinhedos com um suco à base de ervas que elimina as pragas. Mas o mundo dos vinhos politicamente corretos tem seitas diversas. A mais radical, chamada "biodinâmica", une os métodos naturais a cálculos astrológicos para determinar o período em que as plantações devem ser regadas com pesticidas homeopáticos. Outra corrente é a dos vinhos "vegetarianos", que fazem sucesso na Califórnia. Chamar suco de uva fermentado de "vegetariano" pode parecer ridículo, mas os detalhes do processo industrial dão algum sentido à coisa. A bebida, após a fermentação, costuma ficar com aparência turva. Para limpá-la, os produtores despejam em cada tonel um pouco de proteína animal, que atrai os resíduos - em alguns lugares se usa clara de ovo, em outros leite. Os vegetarianos empregam pó de argila, que produz o mesmo efeito.
URUGUAI, SUAS UVAS E SEUS VINHOS
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Ganham espaço nas prateleiras de lojas especializadas e supermercados alguns vinhos novos, geralmente produzidos com a uva Tannat, provenientes do Uruguai. Vinhos que surpreendem não só pela excelente qualidade como, também, por uma relação custo/benefício muito favorável. As primeiras parreiras da uva Tannat, provenientes da região de Madiran, no sudoeste da França, foram trazidas ao país pelo imigrante francês Don Pascual Harriague, por volta de 1870. Desde então a Tannat se disseminou por todo o Uruguai e se tornou conhecida como Harriague; foi apenas na década de 80 que a Tannat recuperou seu nome original, época em que o Uruguai produzia vinhos rústicos e pesados, a partir de uvas híbridas, consumidos quase que exclusivamente no mercado interno.A vitivinicultura no Uruguai começou a mudar para melhor a partir de 1987, com a criação do INAVI - Instituto Nacional de Vitivinicultura, pois, até então, a indústria vitivinícola era controlada pelo governo, com resultados muito pouco satisfatórios. Surgiram investidores e iniciaram-se reformas estruturais em toda a cadeia produtiva.Vinhedos foram replantados, com a substituição das uvas híbridas por espécies viníferas européias, resultando na melhoria da qualidade. Os investimentos se expandiram também para as vinícolas, implantando-se modernos equipamentos. Cerca de 90% dos vinhos produzidos são vendidos no próprio país, onde o consumo “per capitã” atual é de aproximadamente 33 litros por ano, colocando o Uruguai em oitavo lugar no “ranking” mundial.
As principais regiões vinícolas são Montevideu e Canelones, com 80% da produção, seguidas por San José, Colonia e as regiões próximas à fronteira do Brasil, ao norte do país (Salto, Artigas, Rivera e Cerro Chapéu). Em geral, o clima é adequado para o cultivo de uvas, com bom índice de precipitação pluviométrica e o solo, argilo-calcário, com boa drenagem. Todos estes fatores levam à produção de uvas com excelente grau de maturidade fisiológica na maioria das safras, fator fundamental para a obtenção de vinhos de grande qualidade, especialmente os da uva Tannat.A Tannat, como seu próprio nome indica, é uma uva com grande quantidade de taninos, que dão ao vinho tinto sua característica de maior ou menor adstringência. Existem cerca de 3.000 hectares plantados com esta espécie correspondendo a um terço da área total dedicada ao plantio.
O cultivo da Tannat é bastante complicado, pois exige não só que a uva tenha um bom grau de açúcar, como também um perfeito amadurecimento dos taninos. A vinificação precisa ser muito cuidadosa, tanto na extração dos taninos quanto no uso de carvalho francês ou americano para amaciar estes elementos. Quando todos os pré-requisitos são atendidos, a Tannat dá origem a vinhos de muito caráter e estrutura, com grande intensidade de cor, aromas deliciosos de frutas escuras em geléia e chocolate, com ótima concentração e bastante encorpados. Estes vinhos acompanham muito bem pratos de carnes suculentas, com molhos consistentes.No entanto, outras varietais conseguem se expressar de forma notável nos vinhos do país. As grandes surpresas ficam por conta das uvas Merlot e Cabernet Franc, além da hoje muito prestigiada Sauvignon Blanc. Os vinhos desta uva exibem grande tipicidade e agradável frescor. A clássica uva Cabernet Sauvignon não consegue se destacar no Uruguai, sendo então utilizada em cortes com a Tannat e a Merlot.
Para mais informações pode ser consultado o site UruguayTotal.com.
DON PASCUAL MERLOT 2003
Este é o primeiro vinho uruguaio a ser comentado neste site. A demora se justifica por um certo receio no que se refere aos vinhos deste país, talvez sem muito fundamento. trata-se de um varietal produzido pelo Estabelecimiento Juanicó, na região de Juanicó, pela Família Deicas, com 13% de teor alcoólico. O nome do vinho é uma homenagem do produtor a Pascual Harriague, imigrante basco pioneiro da viticultura uruguaia.
O Uruguai apresenta, em sua região sul, um clima propício ao desenvolvimento de variedades nobres de uvas, como a Merlot. A região de Juanicó poaaui uma grande amplitude térmica entre o dia e a noite durante o período de amadurecimento das uvas e os seus solos são os mais calcáreos da zona sul, fatores de singular impacto na alta qualidade das uvas.
O vinho possui uma cor ruvi viva e intensa e aromas frutados. Na boca se apresenta texturado e com um bom corpo, taninos maduros e final prolongado. É um vinho robusto, mas a presença do álcool foi muito marcante, superior ao que gostaríamos de encontrar (isto, porém, não desqualifica o vinho, já que apenas uma garrafa foi bebida).
Tudo indica ser um bom acompanhamento para pratos de carne vermelha ou queijos fortes. Melhor de servir entre 18 °C e 20 °C.
A experiência leva à conclusão de que novos vinhos devem ser provados para uma idéia mais concreta.