maio 29, 2008

O FIM DE UMA ERA




Faleceu em 16 maio de 2008 um dos nomes mais proeminentes do mundo do vinho: Robert Mondavi. Nascido em 18 de junho de 1913, Robert Mondavi construiu um império avaliado em US$ 1,3 bilhões. Seu trabalho foi fundamental para projetar perante o mundo a qualidade dos vinhos do Napa Valley e, por conseguinte, da Califórnia. Adorado por muitos e odiado por tantos outros, o visionário Robert Mondavi fundou em 1966 a Robert Mondavi Winery. Durante um longo período a companhia formou parcerias na Itália com a família Frescobaldi, no Chile com a família Chadwick da Viña Errazuriz e na Austrália com a Rosemount. Em 1979, juntou-se ao Barão Philippe de Rothschild do famoso Château Mouton-Rothschild para criar o Opus One no Napa Valley. A vinícola debutou com sua primeira safra em 1981; uma caixa foi vendida num leilão por US$ 24 mil. Porém, em 2004, após inúmeras disputas internas, a família decidiu vender as marcas que integravam o portfólio da Mondavi.

maio 27, 2008

B CRUX BLEND 2003



PRODUTOR
O. Fournier

VINHEDOS
La Consulta, Pareditas e El Cepillo (Valle de Uco, Mendoza), altitude de 1.100 m.

UVAS
Tempranillo (60%0, Malbec (20%), Merlot (10%) e Syrah (10%).

COLHEITA
De 5 a 20 de Abril, seleção das uvas na vinícola.

PROCESSO DE ELABORAÇÃO
Fermentação: Em tanques de aço inoxidável.
Maceração: 5 dias entre 6 e 8° C, depois continua por 28 dias.
Envelhecimento em barril: 12 meses em barris novos (80% franceses e 20% americanos).
Filtração: Não filtrado.

ANÁLISE TÉCNICA
Álcool: 14,5%
Acidez total: 4,8 g/l
pH: 3,7

DEGUSTAÇÃO
Recomenda-se decantar e servir à temperatura de 17ºC.

PRÊMIOS E MENÇÕES
91 pontos Wine Spectator.
Cinco estrelas Decanter Magazine (máximo).
Vinho do Mês Month Tom Cannavan
Selecionado por Lan Airlines para Classe Executiva.

FONTE: O. Fournier

COMENTÁRIOS NA WEB
This is an interesting, modestly priced (<$20), well-rated (91 points Wine Spectator) red blend from the Mendoza region of Argentina. It is a blend based on tempranillo, a bit unusual for the region, and includes malbec, merlot and syrah.

In the glass, the deep red wine is almost opaque up to about a quarter inch from the glass. Aromas pitch from the glass - somewhat high-pitched, angular and fruity, but still intense, with an oaky backbone. On the palate, there is a structured middle fruit with sturdy tannins, stingier in the front and more generous in the back. Layer and layer of flavor in the finish. I do believe this one could age for awhile to very good effect. Three stars out of five, with a plus for guts.

Here's what Wine Spectator said in giving it 91 points: "Very dark, but pure, with cassis and blackberry fruit layered with vanilla, mocha, mineral and tar notes. Long, dark, plush finish stays nicely focused, thanks to fine-grained tannins."
– Spirit of Wine

==========

“Mais um excelente vinho da O.Fournier. Esse assemblage (60% Tempranillo, 20% Malbec, 10% Merlot e 10% Syrah) apresentou uma cor rubi intensa, rico em matéria corante e um halo ligeiramente púrpura. Ao nariz, o bouquet é complexo e muito intenso. O leque de perfumes exala notas de frutas negras maduras, cedro, seguido por um sutil toque de especiarias como cravo. O cuidadoso processo de amadurecimento em barricas de carvalho (80% francês e 20% americano) só trouxe fineza ao vinho. Na boca é potente, caloroso, com taninos macios e uma boa acidez. Sem dúvida um vinho bem equilibrado. O retrogosto é prazeroso e persistente, sem exageros. A O. Fournier confirma com seu BCrux Blend toda sua capacidade para talhar vinhos com muita elegância, complexidade, concentração e, principalmente, fáceis para serem apreciados” - Qvinho.

==========

“Em Mendoza, essa vinícola só usa uvas de plantas e mais de 30 anos em seus vinhos de ponta, os das linhas B. Crux, A. Crux e O. Fournier (a qualidade e o preço vão subindo). Os produtos de plantas mais novas vão para as linhas mais simples, de nome Urban Uco, que podem ser bons, mas a ficam num nível consideravelmente inferior (e custam também muito menos, são mais par o dia-a-dia).

José Manuel Fournier, o dínamo dessa empresa, que largou uma mais do que promissora carreira de banqueiro para se dedicar aos vinhos, é um grande entusiasta, perfeccionista e não admite produtos de classe feitos com frutos de videiras novas em seus empreendimentos na Espanha (vinhos Spiga, de Ribera del Duero) e de Mendoza (Valle de Uco). Atualmente, ele está investindo em vinhedos antigos e plantando novos no Valle del aule e em San-Antonio Leyda, Chile.

Na Argentina, a O. Fournier concentra suas atividades no frio Valle de Uco, longe de Mendoza e mais perto dos Andes. Uma região de grande futuro, que vem atraindo grandes nomes da vinicultura mundial.

Selecionar videiras velhas, principalmente de Malbec, não chega a ser um problema na Argentina. A O. Fournier encontrou ainda vinhedos antigos de Tempranillo numa zona bastante fria (Chilecito), cujas uvas usa em seus vinhos.
Foi um privilégio provar os vinhos argentinos da O. Fournier ao lado de José Manuel Fournier e de seu enólogo- chefe, José Spisso, também um entusiasta detalhista.

Segundo eles, a safra de 2008 vai ser excelente. O ano começou muito mal, com chuvas, mas depois as coisas passaram a correr bem e os vinhos estão excelentes. Outras safras excepcionais que os consumidores devem procurar nos rótulos dos vinhos de Mendoza: 2006, 2005 e 2002.

Os vinhos provados na moderníssima e mais do que funcional bodega do Valle de Uco, que lembra um “disco voador tendo os Andes como fundo, confirmaram, de modo geral, a excelência dessas safras.

Alguns dos melhores tintos provados, todos potentes, concentrados, equilibrados com alta graduação alcoólica, talvez um pouco demais:

B. Crux 2002 - Corte de Tempranillo (60%); Malbec (20%) e Merlot (20%) de 3 zonas do Valle de Uco, com 12 meses em barricas, metade das quais novas). Aroma potente, com bom equilíbrio madeira e frutas. Algo floral. Complexo, encorpado e com taninos finos. (92/100 pontos).

B. Crux 2005 – Corte de Tempranillo (60%), Malbec (35%) e Syrah (5%). Um belo aroma, fresco, com algo de violeta, que deve ser originário da Malbec. Encorpado,e muito longo. Ficou impressão gostosa durante um bom tempo na boca. 14,5% de álcool. (92/100 pontos). – Saul Galvão

PREÇO
US$27,00 no Duty Free Shop de Buenos Aires.
R$107,30 nas lojas Lidador – RJ (safra 2001).

COMENTÁRIOS DE DEGUSTAÇÃO
Um vinho realmente muito interessante, que vale a pena experimentar, apesar do preço praticado em nosso comércio. Aroma intenso, remetendo a borra de café. Equilibrado e complexo, com um agradável final.

maio 21, 2008

SANTA CATARINA: VINHOS DE ALTITUDE

Os vinhos de Santa Catarina passam por um período de expansão em qualidade nunca visto.

De produtor de vinhos sem expressão – a partir de uvas não-viníferas –, o Estado virou a bola da vez da vinicultura brasileira, criando sua marca com os vinhos de altitude.

Tudo começou com a união de 35 produtores em torno de uma associação – a Acavitis –, que se encarregou da defesa dos interesses de produtores de uvas e vinhos de altitude.

A associação abrange três regiões: São Joaquim, Caçador e Campos Novos, com 300 hectares implantados de uvas viníferas em altitudes entre 900 e 1.400 metros.

Os vinhedos predominantes são de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Pinot Noir e Sangiovese, entre as tintas, e Chardonnay e Sauvignon Blanc, entre as brancas.

A produção de 500 mil garrafas, com previsão de atingir 2 milhões em 2010. Paralelamente esta sendo implantado um programa voltado ao enoturismo, criando-se um novo polo de desenvolvimento no estado.

As vinícolas catarinenses foram destaques na recente feira vinícola Expovinis, em São Paulo, com a participação de expositores do Velho e do Novo Mundo, apresentando vinhos de alto nível de qualidade.

Vinícolas catarinenses:


Villa Francioni
Com a proposta de revolucionar a elaboração de vinhos no Brasil, já conquistou importantes prêmios e está em 14 Estados. Seus produtos: Sauvignon Blanc - 2006; Villa Francioni Tinto - 2004 (elaborado com as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec); Chardonnay - 2006 (sucessor do Lote I, com magnífica aceitação); Joaquim - 2005; Rosé - 2007 (elaborado no estilo da Provence, sul da França); e o Francesco 2005 (corte de cinco uvas, envelhecendo em carvalho francês novo)

Villagio Grando
Entre Santa Catarina e Paraná, na região dos campos de Palmas ou Água Doce, a 1.300 metros de altitude, onde ocorre um dos mais rigorosos invernos brasileiros. Ali estão 52 hectares com mais de 80 variedades de uvas viníferas. São produzidas 180 mil garrafas. Seus vinhos: Innominabile (corte de cinco variedades de uvas, com descanso de 180 dias em barricas de carvalho francês, pronto para o consumo); Chardonnay - 2006; Merlot - 2006; e um excelente Sauvignon Blanc, de intenso aroma de chá de ervas

Sanjo
Situada em São Joaquim, produzindo uvas em altitudes de até 1.400 metros. São 25,7 hectares e produção de 70 mil litros. Seus produtos: Maestrale Cabernet Sauvignon - 2005; Núbio Rosé Cabernet Sauvignon - 2006; Núbio Cabernet Sauvignon - 2005; e Nobrese Cabernet Sauvigon 2005

Quinta da Neve
Foi a primeira a plantar uvas viníferas em São Joaquim, apostando numa das variedades mais difíceis: a Pinot Noir. São 12 hectares, com produção de 40 mil litros. Hoje existem 15 variedades plantadas. Seus vinhos: Pinot Noir (considerado o melhor do Brasil) e Cabernet Sauvignon. Elabora seus vinhos na Villa Francioni

Quinta Santa Maria
As vinhas são plantadas em patamares entre 1.200 e 1.300 metros, num total de 20 hectares. Destaque para as uvas Touriga Nacional e Aragonez. Utopia -2006 é seu vinho tinto e Portento - 2005 é um vinho fortificado, produzidos à semelhança do Porto

Outros destaques
As vinícolas Suzin, Santa Augusta e Santo Emílio

Osvaldir de Castro

Colaboração para o Jornal BOM DIA (SC)

08/05/08

maio 20, 2008

AINDA A MERLOT BRASILEIRA

"O filme Sideways, de 2004, Oscar de roteiro adaptado, teve um duplo resultado no universo do vinho: transformou a uva francesa Pinot Noir em mito e arranhou a imagem da Merlot. E o que o Brasil tem a ver com isso? A Merlot, injustiçada na tela, é forte candidata a ocupar o título de “a uva do Brasil”, ao menos na Serra Gaúcha, região que produz 90% dos nossos vinhos finos. Os vinhos à base da Merlot são mais frutados, com taninos agradáveis. “Não tenho dúvidas que a Merlot se adapta muito bem ao Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul”, afirmou a Época NEGÓCIOS o enólogo francês Michel Rolland. Exemplos não faltam no mundo vinícola de qual é a melhor uva para cada região produtora. A Pinot Noir é a cepa da Borgonha; os Barolos são feitos apenas com a italiana Nebbiolo; a Argentina tem a Malbec. Cabe uma indagação: por que a Merlot, entre as mais de 500 variedades disponíveis, ganhou destaque no solo brasileiro?

Na verdade, ela está sendo redescoberta. A variedade é plantada no Brasil há 60 anos. O vinho que lançou a Vinícola Miolo foi um Merlot, de 1990. A pequena Pizzato também ganhou fama com o seu Merlot 1999. Na última década, porém, as vinícolas correram atrás da fama da Cabernet Sauvignon. Mas o caprichoso terroir brasileiro não permitiu muitos bons vinhos com esta cepa. Voltaram à Merlot que, com novos clones plantados nos últimos anos, mostrou sua força. Prove o Desejo, da Salton, e o Miolo Terroir, ambos da safra 2004. São bons exemplos da qualidade da Merlot no Brasil."

Matéria escrita por Suzana Barelli e publicada em Negócios, edição 1, março de 2007




MERLOT, A UVA EMBLEMÁTICA DO BRASIL

"Voltamos à Merlot, que está se revelando a melhor uva tinta da Serra Gaúcha. Esse negócio de eleger um vinho ou uma uva como “melhor” é muito perigoso, mas se pode dizer tranqüilamente que a Merlot está dando ótimos tintos, alguns dos quais com preços realmente atraentes, competitivos. Desta vez, deixamos de lado os que considero os dois melhores tintos do pais, o Terroir Merlot da Miolo e o Salton Desejo Merlot, que são mesmo ótimos. Desta vez, provamos tintos muito bons, prazerosos. Além dos quatro selecionados para a coluna, é de justiça destacar também o Lovara 2005, um tinto redondo, com toques justos de carvalho e fácil de beber.

A Merlot teoricamente é mais macia e bem comportada que a Cabernet Sauvignon, ainda a tinta fina mais plantada no Brasil (34.242.635 quilos segundo dados de 2006). A Merlot produziu bem menos, 12.242.635 quilos, mas vem conquistando conhecedores e enólogos. O francês Michel Rolland, um dos mais conhecidos enólogos do mundo e que dá assistência técnica à Miolo, não tem dúvidas de que a Merlot é o grande destaque da Serra Gaúcha. O argentino Angel Mendoza, que presta assessoria à Salton e Lucindo Copat, enólogo chefe da empresa, também estão entusiasmados com essa uva.

A Merlot costuma dar vinhos que não demandam muito tempo para chegar ao auge. Todos os vinhos que agradaram são da ótima safra de 2005, quando choveu pouco e tudo favoreceu a maturação das uvas. E eles estão mais do que no ponto para beber. Tive ainda a impressão que evoluíram em relação à provas anteriores.

Os Merlots nacionais além de gostosos são também versáteis à mesa. Vão muito bem carnes vermelhas e brancas (porco e vitela), aves em geral, terrinas, etc. Entre os tintos, o que complica um pouco a combinação são os taninos, uma substância que dá a impressão de amarrar a boca, como algumas frutas verdes. A Cabernet Sauvignon é consideravelmente mais tânica. Os feitos com a Merlot têm pouco tanino, são mais macios e se acomodam com mais pratos à mesa. Gosto particularmente com um lombo de porco, que tem algo de doce e se acomoda otimamente com a maciez da Melot.

Salton Classic Merlot 2005
Onde encontrar: Empório Frei Caneca, Shopping Frei Caneca, 3472-2082.
Preço: R$ 9,90 (OFERTA ESPECIAL)
Cotação: 87/100.

Provado para a coluna Tintos e Brancos do suplemento Paladar e publicada em fevereiro de 2008.

Um tinto de maravilhosa relação custo-benefício. A linha básica da Salton, que está fazendo bons vinhos em vários níveis. Esta é uma ótima opção para o dia-a-dia. Aroma não dos mais potentes, mas agradável. Evocações de frutas vermelhas e também algo animal. Dominam as frutas. Um vinho amável, equilibrado. Leve, mas não aguado. Também na boca, as frutas prevalecem. Aparecem sugestões de madeira na boca. Está no auge, pode e deve ser provado já. A safra de 2005 foi ótima na Serra Gaúcha. Não é encorpado e nem concentrado, mas elegante, nada tânico e bom também para bebericar. Acidez gostosa, que convida para o próximo gole. Equilibrado, com álcool muito bom comportado. Um tinto simples, macio, Final de boca agradável. Retrogosto não é longo e nem potente, mas deixa a boca gostosa. 12 % de álcool.

Reserva Miolo Merlot 2005
Onde encontrar: Televendas Miolo: 0800-970-4165.
Preço: R$ 114 (caixa com seis, o que dá R$% 19 por garrafa).
Cotação; 89/100

Provado para a coluna Tintos e Brancos do suplemento Paladar e publicada em fevereiro de 2008.

Confirmou a classe. O exemplar da ótima safra de 2005 está muito bom mesmo, no ponto para ser provado com muita satisfação, principalmente dos que gostam de vinhos marcados pelo carvalho, provavelmente norte-americano. Evocações de baunilha e de coco, típicos dessa madeira são bem sensíveis. Mas ela não domina demais, deixa espaço para as frutas. Um vinho que melhorou nos últimos meses. Muito gostoso, redondo e com boa concentração na boca. Potente, mas não alcoólico. O tipo de vinho que enche a boca. Algo de especiarias (canela). Muito equilibrado e elegante. Ele é do Vale dos Vinhedos, a primeira zona de Indicação Geográfica típica, que poderá ser o embrião de um sistema de denominação controlada. Redondo e com um final bem gostoso, onde se notam, mais uma vez, baunilha e coco. Ótima relação qualidade-preço.13,5% de álcool.

Salton Volpi 2005
Onde encontrar: Empório Frei Caneca, Shopping Frei Caneca, 3472-2082.
Preço: R$ 21,50.
Cotação: 89/100.

Provado para a coluna Tintos e Brancos do suplemento Paladar e publicada em fevereiro de 2008.

Outro vinho de muito bom nível e com preço atraente. Também da excelente safra de 2005 e mais do que pronto para o copo. Não deve ganhar com mais tempo na garrafa.
Uma linha de elite da Salton, com mais estágio em barricas de carvalho, que aparece nitidamente no aroma e na boca. Toques de chocolate e também de frutas vermelhas (framboesa, cereja). Aroma muito gostoso mesmo, mas não dos mais intensos. Continua no mesmo diapasão na boca. Primeira impressão na boca agradável, “doce”. Continuam aparecendo as frutas e os toques tostados e de chocolate. O carvalho aparece na medida certa, sem dominar as frutas. Um tinto elegante, versátil, sedoso e com pouco tanino. Eclético, fácil de combinar com muitos pratos. Corpo médio e álcool muito bem comportado, equilibrado. Um tinto longo, que deixa gosto de fruta na boca 12,2% de álcool.

Luiz Argenta Merlot Gran Reserva 2005
Onde encontrar: Casa Flora, Rua Santa Rosa, 207, Brás, 3327-5199.
Preço: R$ 62,54
Cotação: 90/100.

Provado para a coluna Tintos e Brancos do suplemento Paladar e publicada em fevereiro de 2008.

Um belo vinho, encorpado e com personalidade. Só destoa um pouco no preço. Ele deve ser feito com uvas do antigo vinhedo plantado em Flores da Cunha pela Granja União. Pelo que me lembro, a Granja União tinha um bom Merlot. A família de Luiz Argenta comprou o vinhedo e passou recentemente a fazer bons vinhos com seu nome. Este está na elite dos gerados pela Merlot. Um vinho com muita cor, escurão. Dificilmente deixa passar a luz. Aroma potente e complexo, toques de madeira e de coisas queimadas. A sugestão de ameixa preta em calda é potente. Na boca, redondo, macio. Toques de cacau, de caramelo e de coisas tostadas. Concentrado, encorpado e elegante. Potente, mas o álcool não aparece demais. Macio e nada enjoativo. Acidez muito gostosa. Final de boca muito bom e duradouro. Evocações de cacau e de ameixa preta. 13,8% de álcool."

Matéria escrit por Saul Galvãoa na coluna Tintos e Brancos publicada na coluna Paladar, em fevereiro de 2008.


MASTER OF WINE ENOCHATOR TRANSFORMATOR

- Cansado de ser apenas um enófilo anônimo e desconhecido em feiras e eventos??

- Inconformado por nunca ter sido convidado para aquela "boca livre" das revistas especializadas e importadoras??
- Angustiado por não receber convites com os dizeres: "Só para profissionais"???

- Seus problemas acabaram !!!!!

Apresentamos o revolucionário método "MASTER OF WINE ENOCHATOR TRANSFORMATOR"!!!!

Um kit com todos os segredos para transforma-lo num verdadeiro Mestre da Enofilia em apenas "10 lições de Ouro".

AS 10 LIÇÕES DE OURO DO "MASTER OF WINE ENOCHATOR TRANSFORMATOR"

1]
SINTA-SE O MAXIMO: Assuma uma postura pedante, prepotente e snobe, com opiniões formadas sobre tudo. Em degustações, transmita um ar superior e de dono da verdade, sempre com risadinhas discretas de canto de boca. Não esqueça da arrogância. Nas "rodinhas", fale o
menos possível para não se comprometer. Alguém pode lhe pegar nos seus inúmeros pontos fracos. Conversa franca derruba qualquer um. Tenha cuidado!

2] EM DEGUSTACOES AS CEGAS, QUEM TEM UM OLHO E REI: Fuja como o diabo da cruz deste tipo de degustação. O risco de desmoralização e muito alto. Se for impossível, identifique antes os vinhos e a sequência de serviço. Para tanto, use de todos meios possíveis :
Gorjeta para maitres, influencia com os organizadores, amizade com os importadores, ou se tudo isso falhar, acione o plano B: De notas altas [ acima de 85 ] para todos os vinhos. Faz menos estrago uma nota 90 para um "Vin de table do que 79 para um Petrus !!!. De lambuja, dependendo do seu grau de "credibilidade", esse Vin de table superpontuado, pode ainda vir a ser um "cult". !!!!

3] SEJA SEMPRE O PRIMEIRO A FALAR: Numa degustação seja sempre o primeiro a falar, e com muita convicção emita qualquer parecer, mesmo o mais estapafúrdio, porem com ênfase e autoritarismo. Lembre-se que a maioria e sempre tímida e ainda sobram os que vao concordar
com você. Os possíveis desmascaradores serão sempre a esmagadora minoria.

4] ABUSE DA CRIATIVADE: Quando fizer as descrições dos vinhos, use e abuse das comparações mais absurdas e improváveis para os aromas e o gosto, tendo sempre o cuidado de incluir algumas características verdadeiras constantes em "releases"de importadoras, para não perdera coerência.

5] NUNCA CONCORDE COM OPINIOES ALHEIAS: Sempre que alguém identificar algum aroma da sua descrição e lhe perguntar se o notou, não responda. Apenas fixe o olhar na pessoa com fisionomia impassível, aspire a taca e desvie a atenção para outro participante. Quando vierem lhe contar de um vinho sensacional, diga que o conhece, porem o de outro produtor [ cite qualquer um ] e anos-luz melhor!!!

6] CRITICAR JAMAIS: Nunca critique abertamente qualquer vinho, principalmente os nacionais. Sempre dê notas entre 80 e 90 para eles e acima de 84 para os importados. Se um vinho for ruim diga que "e honesto e deve melhorar com alguma guarda", se for uma zurrapa
intragável, classifique-o como "correto e pronto". Lembre-se que as criticas fecham portas, afastam as "boca livres", viagens patrocinadas, presentes das importadoras, massagens no ego, dengos de produtores, etc.,etc.

7] DEMONSTRE INTIMIDADE COM FAMOSOS: Lição fundamental para angariar
credibilidade e respeito. Frases com as que seguem sao muito produtivas : "Já cansei de dizer ao Luizão [Luiz Pato] para reduzir um pouco a madeira no "Vinhas Velhas", "O Michel [Rolland] esteve em casa para degustarmos sua ultima invenção: vai dar o que falar", "O Bob [Robert Parker] precisa entender de uma vez por todas que existe vida inteligente fora da Borgonha"ou ainda "A Jancis [Robinson] me convidou para escrever um capitulo de seu próximo livro, mas estou sem tempo".

8] VOCE ESTA SEMPRE CERTO: Em hipoótese alguma admita que errou ou enganou-se, mesmo quando corrigido por alguém que realmente entende de vinhos. Mantenha a frieza e invente desculpas esfarrapadas, sem perder a linha e a compostura. Fuja de polemicas e discussões, mantendo um ar de distanciamento e superioridade.

9] RENEGUE SEU PASSADO DE INICIANTE: Esqueça definitivamente que ja
segurou taca ISO pelo bojo e tomou vinho de garrafão em churrascarias duvidosas. Se alguém o reconhecer como antigo colega no Curso de Iniciação da De Lantier, diga que deve ser alguém muito parecido, pois o único vinculo que mantém com aquela vinícola é o contrato de Consultoria para orientação dos enólogos nas decisões mais difíceis.

10] MANTENHA SIGILO ABSOLUTO: A ultima e mais importante das "lições de ouro". Os nove mandamentos acima devem ser guardados a "sete chaves"e jamais revelados. Se já está difícil administrar o número atual de "Grandes Mestres"e "Experts" em vinho, imagine se este
valioso conteúdo vazar!!!

Texto postado por Mario Libardi ( Sunisland Blogspot )