O ESPUMANTE BRASILEIRO
As condições climáticas adversas da Serra Gaúcha costumam comprometer a maturação ideal das uvas para produzir grandes vinhos brancos e tintos, mas acabam se tornando muito adequadas quando o destino das uvas é o espumante. Os meses determinantes do ciclo vegetativo das videiras, quando se foca a elaboração de espumantes, são dezembro, janeiro e fevereiro. Durante este período, o número de dias de chuvas bastante elevado reduz a insolação. Ao mesmo tempo, as noites ficam frescas com temperaturas noturnas bem abaixo dos 20°C.
Estes dois fatos fazem que as uvas mantenham um bom teor de acidez com um teor moderado de açúcar. Este perfil de maturação caracteriza perfeitamente as uvas destinadas à espumantização. Por outro lado, esta maturação, por acontecer lentamente, favorece a formação de aromas extremamente finos e delicados.
Teor moderado em açúcar com boa acidez e aromas finos são os dois fatores essenciais de qualidade dos espumantes, inclusive do champagne.
Na Serra Gaúcha existem várias castas originárias de diferentes e consagradas regiões produtoras do mundo que se enquadram perfeitamente neste perfil como Chardonnay, Pinot Blanc, Semillon, Ugni Blanc, Riesling Itálico e Pinot Noir.
A Chardonnay é uma variedade universal presente em quase todos os espumantes de qualidade: champagne e crémant de Bourgogne, na França; espumantes italianos, californianos e australianos, por exemplo.
A Pinot Blanc encontra-se no crémant d’Alsace; as Semillon e Ugni Blanc no crémant de Bordeaux.
A Riesling Itálico já é menos difundida, salvo no norte da Itália, mas merece um destaque especial por ser a variedade emblemática da Serra Gaúcha. Confere aos espumantes ótimas sensações de refrescância, frutado e leveza.
A Pinot Noir, quando vinificada em branco, origina espumantes mais estruturados, amplos e vinosos. Aliás, esta variedade ilustra bem a problemática da Serra Gaúcha. No decorrer da maturação, ela vai se tornando cada vez mais sensível à podridão, o que dificulta consideravelmente o alcance da plena maturação necessária à elaboração de um vinho tinto. Porém, colhidas justamente antes dos princípios de ataque de podridão, as uvas apresentam o ótimo de maturação para um futuro espumante, sem as alterações de qualidade originadas pela podridão. Não podemos deixar de falar das uvas moscatéis, que entram na elaboração de espumantes similares aos da tradicional região de Asti, na Itália.
O bom domínio das vinícolas da Serra Gaúcha, verificado nas fases de vinificação e de segunda fermentação, seja na própria garrafa (método tradicional), ou em tanques (método Charmat), com posterior engarrafamento isobarométrico, proporciona aos consumidores brasileiros espumantes de grande qualidade.
Além do reconhecimento nacional, numerosos destaques e premiações já foram conquistados em diversos concursos e avaliações internacionais.
Hoje, sem sombra de dúvida, o público brasileiro pode apostar nos espumantes da Serra Gaúcha, não somente para as festas de fim de ano, mas também para desfrutá-los o ano todo.
Saúde!
(FONTE: Philippe Mével, Diretor de Produção da Chandon)
dezembro 04, 2005
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