maio 28, 2003

DALTON
Luján de Cuyo é um dos dezoito departamentos da província de Mendoza, Argenti9na, situado na região centro-norte, a 860 m de altitude e distando apenas 18 km da cidade de Mendoza. Por suas paisagens e características culturais, é um convite ao turismo durante todo o ano. Foi criado como vila e em 11 de maio de 1856 teve seus limites demarcados, passando a cidade em 1949.
É de lá que nos vem um vinho tinto fino, o Dalton, elaborado e engarrafado na origem pela Bodega Norton. Um blend de uvas Malbec e Merlot, safra de 1999, com 13% de teor alcoólico.
Não vamos ficar repetindo nossas opiniões sobre os vinhos argentinos nem fazendo comparações com os nacionais. Mas o que desejamos registrar foi nossa grata surpresa em degustar um vinho honesto, de bom corpo, uma bela cor rubi intensa, boa aderência e aroma agradável, a despeito de taninos ainda um pouco fortes, mas toleráveis. Considerando que pagamos por ele cereca de US$4, nossa satisfação foi ainda maior... Fica a dica.

maio 26, 2003

EMILIO BRANDI
A economia argentina ainda anda em baixa, e isto permite que se encontrem alguns vinhos a preços razoáveis, mais baratos que os nacionais. E de qualidade às vezes superior, na faixa de preços escolhida.
Foi assim com o Emilio Brandi, um varietal produzido e engarrafado por Bodegas Emilio Brandi, em Mendoza, a partir de uvas Tempranillo, tinto seco, fino, com 12% de graduação alcoólica e safra não indicada (?).
Segundo informado no rótulo, trata-se de um vinho de recente desenvolvimento, com aroma próprio e intenso, resiltado de características da região: clima seco e sol intenso durante todo o ano. E, de fato, ao degustá-lo, percebemos um aroma suave de madeira, além de sentirmos um corpo médio e taninos não muito pronunciados. Enfim, um vinho agradável, adquirido por cerca de R$13,00. Uma boa pedida.

maio 20, 2003

BOSCATO
A Boscato Indústria Vinícola Ltda., menos divulgada talvez do que suas congêneres do Vale dos Vinhedos, situa-se no município de Nova Pádua, a 165 km de Porto Alegre e a 32 km de Caxias do Sul, em região privilegiada no Vale do rio das Antas. Lá, a 710 m de altitude, o clima é adequado para a cultura de uvas finas, com invernos rigorosos e insolação abundante no verão. Cerca de 15.000 pequenas propriedades, de topografia acidentada e com solos pedregosos, dedicam-se ao cultivo da uva.
A empresa, fundada em 1983, é tipicamente familiar e tem uma produção anual de 400.000 litros. Desde 1995 dedica-se à elaboração de vinhos finos, como os varietais Riesling, Chardonnay Reserva, Merlot Reserva e Cabernet Sauvignon Reserva. Mas o ponto alto da linha é o Gran Reserva Boscato Cabernet Sauvignon 2000, elaborado com uvas produzidas em vinhedos próprios e envelhecido em barrís de carvalho francês.
Nossa degustação foi a de um Cabernet Sauvugnon, safrea de 1999, seco, com 11% de teor alcoólico, um vinho que recebeu Medalha de Ouro no International Wine Challenge 2000, em Beijing, China.
Na avaliação visual mostrou uma coloração vermelho-rubi, com reflexos violáceos. Seu aroma é agradável, levemente herbáceo, mas sente-se também a presença discreta e equilibrada da madeira. Na boca, evidencia um corpo médio, e taninos ainda pronunciados. Mas é um vinho que, em seu contexto geral, nos agradou, dentre os nacionais que temos experimentado. Seu preço de custo ficou em torno de R$17,00.
VINHOS DE GARAGEM - UMA VISÃO PORTUGUESA
Faz pouco tempo, encontramos no site da Revista de Vinhos, de Portugal, um interessante artigo sobre os assim chamados "vinhos de garagem", aqui comentados. Como o artigo não era recente, mantivemos contato com a editora, indagando sobre as tendências atuais. Em resposta, recebemos um simpático e-mail, assinado por Luis Ramos Lopes, que transcrevemos, na íntegra, com os nossos agradecimentos sinceros:
"A expressão "vinho de garagem" procura designar um vinho raro, de muito alta qualidade e não menos elevado preço, feito em quantidades diminutas (por vezes duas ou três mil garrafas) a partir de uma vinha muito especial. Normalmente, estes vinhos são feitos pelo próprio proprietário da vinha, numa adega pequena (daí a designação "garagem"), procurando que o vinho reflicta o carácter, o estilo e as preferências vínicas de quem os faz. O verdadeiro "garagista", enquanto tal, é um fenómeno que continua a ser raro, tanto em Portugal como no estrangeiro, e os seus vinhos são normalmente objecto de intensa procura e inevitável especulação.
O que se vem tornando cada vez mais frequente, é vermos empresas de média ou grande dimensão a procurarem igualmente fazer um vinho muito especial, em quantidades muito limitadas, que se torne uma "bandeira", uma marca de prestígio que contribua para reforçar a credibilidade da casa e ajude a vender as outras marcas. No artigo da Revista de Vinhos que referiu, abordámos alguns destes casos. Entre os mais recentes, e que surgiram desde então em Portugal, saliente-se o tinto Duas Quintas Reserva Especial (da Ramos Pinto), o branco Esporão Private Selection (da Finagra) ou o espumante Murganheira Millésime".
A nota reflete a visão de um especialista europeu e, como tal, merece destaque e a atenção dos interessados.

maio 18, 2003

VINITALY 2003
O concurso internacional VINITALY é um dos mais conceituados e renomados do mundo, tanto pela alta qualificação de seus jurados quanto pelo rigor nas análises e distribuição de medalhas. Realizado este ano em Verona, norte da Itália, entre os dias 10 e 14 de abril, contou com a apresentação de mais de 3000 amostras de vinhos de várias partes do mundo.
Os vinhos foram divididos em 22 grandes grupos, entre eles o dos Espumantes Aromáticos, no qual o Aurora Moscatel sagrou-se campeão, galgando a Gran Medalha de Ouro, sendo a Vinícola Aurora a única do Brasil a receber essa distinção.
O Aurora Espumante Moscatel, elaborado pelo processo Asti, é um produto de agradável frescor, perfume delicado, envolvente, leve, suave e com perfeito equilíbrio entre açúcar e acidez, que tanto pode ser servido como aperitivo quanto com sobremesas.
É o espumante brasileiro fazendo bonito e conquistando seu lugar no mercado internacional.

maio 15, 2003

A ONDA DOS BARES DE VINHOS
A nova onda na cidade do Rio de Janeiro são os bares onde se pode desfrutar de vários tipos de vinhos, todos em copos. São os famosos "Wine Bars". Desde a chegada ao Brasil das máquinas que permitem a conservação do vinho após a abertura das garrafas, conhecidas como "Wine Keepers", o número de bares e restaurantes com esta opção tem se diversificado.
Estas máquinas são capazes de manter a qualidade do vinho, depois de aberta a garrafa, por até quatro ou cinco dias. Após a retirada da rolha, a garrafa é acoplada a uma válvula ligada a um cilindro de nitrogênio; como o nitrogênio é um gás inerte, isto é, não possui oxigênio na sua composição, o vinho não oxida, permitindo ser consumido em taças. A máquina é dividida em dois compartimentos: um para os vinhos brancos, onde se mantém uma temperatura média de 10°C, e outro para os vinhos tintos, onde a temperatura fica entre 16°C e 18°C. Sem estas máquinas, seria impossível o surgimento dos "Wine Bars".
Entre restaurantes e bares com este tipo de serviço, a cidade já conta com mais de vinte. Neles, é possível combinar pratos diferentes, com vinhos diferentes. O ponto alto, claro, é a grande variedade (30 ou mais) de vinhos de todos os tipos e procedências, servidos em copo. Estes locais são um achado para os amantes do vinho e uma escola para os iniciantes. Proporcionam uma viagem pelo mundo dos vinhos, sem ter que se gastar altas cifras.
(Publicado no site vinhos do Brasil).
BUENA VISTA
A primeira coisa a nos chamar a atenção foi a etiqueta de preço: R$10,90 (em promoção). Em seguida, aprofundando o olhar, vimos tratar-se de um vinho chileno. Pegamos a garrafa e o nome nos soou desconhecido: Buena Vista Reservado. Então, lemos o rótulo e verificamos tratar-se de um tinto de mesa. A diferença, em relação aos vinhos de mesa nacionais, é que havia sido elaborado a partir de uvas viníferas, num blend de 75% Cabernet e 25% Merlot. Isto já o distinguia para nós. Então, decidimos experimentar, sempre com a relação preço/qialidade na cabeça (cada vez mais).
Era da safra de 2000, com 12,5% de teor alcoólico, produzido e engarrafado pela COMIR em Macul, e indicado como um tinto, seco, fino de mesa.
Nossa intenção era degustá-lo como convém a um vinho de mesa: às refeições. E assim procedenos, sem deixar de reservar-lhe as atenções de praxe. Porque vinho é sempre vinho.
Nossa impressão? A de um vinho de pouco corpo, aromas não muito definidos e taninos ainda elevados. Mas honesto, naquilo a que se propõe. E que não decepciona, quando bebido naquela condição. Vamos encontrá-lo de novo à venda? Não sabemos, mas fica aqui o registro, caso possa ser útil a alguém.

maio 12, 2003

PORTUGUESES NO NORDESTE
"A Europa já está saturada, não se consegue novos vinhedos nas principais regiões de Portugal, Espanha, França e Itália. Pensamos em investir na Austrália ou no Chile. Mas, além da facilidade de falarmos a mesma língua aqui, acredito que o Nordeste será a região onde se encontrará vinhos de padrão internacional. Visitamos todas as regiões do Rio Grande do Sul, mas ficamos encantados com o Vale do São Francisco".
Com essas palavras, o enólogo Carlos Lucas, da empresa portuguesa Dão Sul, justifica a escolha da região para a parceria firmada recentemente com a Expand, maior importadora da América Latina, pela qual serão comercializadas, a partir da primeira safra, em 2004, um milhão de garrafas de vinho, metada das quais destinadas aos países da Europa.
A Dão Sul, fundada em 1989, produz bons vinhos nas regiões de Bairrada, Douro, Estremadura e Dão; em 2001, foi escolhida a "Empresa do Ano" pela Revista de Vinhos. E a Expand, por sua vez, comercializa mais de 2.250 rótulos, muitos deles famosos, como o Romanée-Conti.
Para a produção de seus vinhos, a Dão Sul utilizará uvas já plantadas e cultivadas em Petrolina pela Fazenda Santa Maria, há 16 anos no mercado e com 200 hectares de vinhas. Serão aproveitadas apenas as castas francesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Alicante Bouchet.
Segundo o enólogo, o clima quente e de poucas chuvas do Nordeste propicia a elaboração de vinhos com teor alcoólico elevado, em torno de 14%; e a expectativa é de que sejam tão poderosos quanto os australianos.
Um projeto dessa ordem´poderá resultar, em futuro próximo, num diferencial de qualidade para os vinhos nacionais. Aguardemos!
(Baseado em matéria publicada no Jornal do Brasil de 11 de maio, assinada por Luciano Ribeiro).

maio 11, 2003

NOVIDADES DO VIVAVINHO
Terminou em São Paulo, no último dia 8, a sétima edição do VivaVinho, reunindo mais de 160 expositores, dos quais 38 produtores brasileiros, além de produtores estrangeiros vindos da França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, e importadores representando mais de 400 produtores internacionais, de países como a Austrália, a Nova Zelândia, o Uruguai, os EUA, a Argentina, entre outros.
O evento, organizado pela primeira vez pela Exponor Brasil, em parceria com a MP Eventos, ganhou este ano a assinatura da Expovinis, uma das maiores feiras de vinho da Europa,organizada pela Exponor de Portugal. 
Uma ampla variedade de lançamentos caracterizou esse evento. Saiba mais!

maio 07, 2003

FESTIVAL DE GRAMADO
Entre os dias 01 e 26 de outubro vindouro, realizar-se-á em Gramado, RS, o II Festival de Gastronomia e Vinhos de Gramado. A exemplo do ocorrido em 2002, esta deverá ser uma boa oportunidade para uma visita ao sul do País e experimentar a apetitosa culinária regional. Acompanhada, é claro, pela degustação do que melhor se produz em matéria de vinhos na Serra Gaúcha, servidos com a tradicional hospitalidade de seu povo. Vá conhecer, che!

maio 03, 2003

DENOMINAÇÕES DE ORIGEM - PORTUGAL
Até a entrada de Portugal na Comunidade Econômica Européia, era comum classificar-se os vinhos em verdes e maduros, diferentemente de qualquer outro país. Mas essa nova fase obrigou a uma adaptação aos padrões da CEE, surgindo, assim, várias designações oficiais. Algumas são já bem conhecidas, como DOC , mas há outras siglas um pouco estranhas, como VQPRD. Vejamos o que vem a ser esta última:
- VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada) aplica-se a vinhos de qualidade alta, produzidos em quantidade limitada, obtidos a partir de castas constantes de uma lista aprovada, provenientes exclusivamente de uvas cultivadas numa região determinada. Esses vinhos têm que obedecer a normas e características respeitantes a cor, limpidez, aroma e sabor.
A designação VQPRD engloba todos os vinhos classificados como DOC (Denominação de Origem Controlada) e IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada). Desdobra-se ainda em outras nomenclaturas, aplicáveis aos vinhos licorosos e espumantes, respectivamente, VLQPRD e VEQPRD.
Quanto às designações DOC e IPR, aplicam-se a:
- DOC: Vinhos cuja produção está tradicionalmente ligada a uma região geograficamente delimitada e sujeita a um conjunto de regras com legislação própria.
- IPR: Vinhos que, embora gozando de características particulares, terão de cumprir, num período mínimo de 5 anos, todas as regras estabelecidas para a produção de vinhos de grande qualidade para poderem, então, passar à classificação de DOC.
Existem ainda as seguintes designações:
- Vinhos Regionais: Vinhos de mesa com indicação geográfica, ou também vinhos produzidos numa região específica de produção.
- Vinhos de Mesa: Vinhos destinados ao consumo humano que não se enquadram nas designações acima referidas.
Como se percebe, é importante ter noção do que representam essas siglas, já que as mesmas têm influência direta no preço dos vinhos.

maio 02, 2003

VALE DAS SERRALHEIRAS
Em nossa incansável busca por vinhos de boa relação qualidade/preço, vamos comentar um tinto seco de mesa, safra de 1998, 12,5% de álcool, produzido e engarrafado pela Adega Cooperativa de Palmela, em Portugal. Por ser um Vinho Regional Terras do Sado, por si só já identifica a região produtora, que abrange todo o distrito de Setúbal, próximo a Lisboa.
Historicamente, foram os Fenícios e os Gregos que trouxeram do Oriente Próximo muitas castas para esta região e que, achando o clima ameno e as encostas da Arrábida e a zona ribeirinha do Tejo boas para o cultivo da vinha, se lançaram no seu plantio.
Mais tarde, os Romanos e os Árabes deram grande incremento à cultura da vinha nesta península. Com a fundação do reino de Portugal, vieram outros povos, notadamente os Francos, de antiqüíssimas tradições vitícolas, que incrementaram a produção de vinho nesta região, tradição que ainda hoje prevalece.
A menção a “Vinho Regional”, seguida da indicação geográfica “Terras do Sado”, é exclusiva dos vinhos de mesa tintos, brancos e rosé que satisfaçam as condições de produção fixadas em Portaria publicada no Diário da República de 13/05/92.
E degustamos o Vale das Serralheiras. Pela indicação do produtor, elaborado a partir de uvas da casta Periquita e envelhecido em barris de carvalho português. Conhecendo esta casta, esperávamos um vinho mais encorpado, mas ele se mostrou apenas médio. Ao paladar, uma acidez pouco desejável e algum aroma da madeira. Sinceramente, não nos agradou muito, embora tenhamos que reconhecer que supera em muito os vinhos de mesa nacionais, obviamente. Mas seu preço, em torno de R$12, pode ser um atrativo para experimenta-lo. É sempre uma referência.