junho 16, 2003

AINDA OS VINHOS NACIONAIS
Em matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, no dia 30 de março passado, assinada por Carlos Franco, procura-se mostrar, inclusive com indicadores de mercado, que os vinhos nacionais começaram a recuperar posição frente aos importados, a partir da elevação do dólar.
Entre outros exemplos e opiniões que justificam essa tese, chama a atenção o de um sofisticado restaurante paulistano, o Fasano, em cuja carta de vinhos se incluem: os tintos Miolo Lote 43, Don Laurindo, Valduga e Lovara; e os brancos Volpi Chardonnay e Reserva Classic Gewurztraminer, ambos da Salton. Na opinião do próprio dono, Fabrizio Fasano, "o vinho nacional começa a merecer espaço e apresenta um bom custo-benefício". Ora, mas esses são vinhos de preços mais elevados, servidos em um ambiente requintado para pessoas igualmente requintadas, com outros patamares de preço/qialidade. Aí, sim, se justifica o título da matéria:"Vinho nacional conquista paladares exigentes".
Se, de um lado, os produtores estão esperançosos quanto a melhores negócios e investem em novas tecnologias ou buscam novas áreas de cultivo, a realidade é que o vinho nacional é caro, está ainda distante do consumidor comum.
Portanto, insistimos, esses investimentos precisam ser acompanhados de mudanças nas políticas de comercialização, nelas envolvendo produtores e setores governamentais. Enquanto não se oferecer ao grande público vinhos de boa qualidade a preços módicos, o brasileiro não vai criar o hábito do consumo. Então, vamos produzir vinos apenas para as elites? Essas, com certeza, podem ter os importados em suas mesas.

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