DECANTAR OU NÃO UM VINHO
Decantar não é, ou não deveria ser, um exercício de estilo ou esnobação. Existem, efetivamente, situações em que um vinho deve ser arejado e em que se deve potenciar o contato fácil do mesmo com o oxigênio; assim como há ocasiões em que decantar é perfeitamente dispensável ou mesmo não recomendado. Como conhece-las?
Antes de decidir sobre a conveniência ou não de decantar um vinho é bom atentar para o fato de que a oxigenação do vinho geralmente resulta numa perda de qualidade: suas características aromáticas vão-se esvanecendo e a sua própria consistência se vai alterando até ao limite de iniciar um processo de avinagramento.
Quando decantar
>>Quando, colocando um pouco de vinho num copo e cheirando-o, o mesmo apresentar um aroma desagradável ou pouco perceptível (se o aroma for limpo, bem perceptível e agradável, não se justifica arejá-lo).
>>Quando o vinho for aromaticamente fechado e a sua primeira expressão aromática não traduzir imediatamente tudo o que ele tem para oferecer à medida que vai “abrindo”, isto é, que vai estando em contato com o ar. (Esta ocorrência não é rara em vinhos de guarda quando consumidos antes de terem esgotado todo o seu potencial de envelhecimento). Neste caso, decantar permitirá conhecer melhor a grande qualidade deste vinho.
>>Quando o vinho esteve muito tempo em garrafa e adquiriu um aroma pesado. Neste caso, o arejamento fará com que seus componentes se reponham em equilíbrio com o oxigênio do ar, com o que esse efeito desaparece.
Quando não decantar
>>Quando o vinho carecer de aroma ou este for muito pouco perceptível, porque as uvas com que foi feito não lhe conferiram esta qualidade e tão pouco o processo de vinificação conseguiu atingir este objetivo. Neste caso, de nada adiantará arejar o vinho.
>>Quando o vinho for aromaticamente fechado mas estiver sendo servido, por exemplo, durante um almoço de três horas, é melhor deixa-lo “abrir” no copo, pois, assim, o seu aroma, em vez de se esgotar, irá crescendo ao longo da refeição.
>>Quando o vinho não cheirar bem e denotar no nariz algum tipo de sujidade. Se o vinho adquiriu mau cheiro por uma má vinificação, também não irá longe com esta tentativa de recuperação.
Em resumo:
O “decanter” deve ser usado como se fosse um hospital para vinho. Se estiver com saúde, nem vá lá, pode voltar doente... Se estiver doente, passe por lá, há sempre a esperança de voltar melhor.
outubro 28, 2004
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