outubro 28, 2004

DECANTAR OU NÃO UM VINHO
Decantar não é, ou não deveria ser, um exercício de estilo ou esnobação. Existem, efetivamente, situações em que um vinho deve ser arejado e em que se deve potenciar o contato fácil do mesmo com o oxigênio; assim como há ocasiões em que decantar é perfeitamente dispensável ou mesmo não recomendado. Como conhece-las?
Antes de decidir sobre a conveniência ou não de decantar um vinho é bom atentar para o fato de que a oxigenação do vinho geralmente resulta numa perda de qualidade: suas características aromáticas vão-se esvanecendo e a sua própria consistência se vai alterando até ao limite de iniciar um processo de avinagramento.
Quando decantar
>>Quando, colocando um pouco de vinho num copo e cheirando-o, o mesmo apresentar um aroma desagradável ou pouco perceptível (se o aroma for limpo, bem perceptível e agradável, não se justifica arejá-lo).
>>Quando o vinho for aromaticamente fechado e a sua primeira expressão aromática não traduzir imediatamente tudo o que ele tem para oferecer à medida que vai “abrindo”, isto é, que vai estando em contato com o ar. (Esta ocorrência não é rara em vinhos de guarda quando consumidos antes de terem esgotado todo o seu potencial de envelhecimento). Neste caso, decantar permitirá conhecer melhor a grande qualidade deste vinho.
>>Quando o vinho esteve muito tempo em garrafa e adquiriu um aroma pesado. Neste caso, o arejamento fará com que seus componentes se reponham em equilíbrio com o oxigênio do ar, com o que esse efeito desaparece.
Quando não decantar
>>Quando o vinho carecer de aroma ou este for muito pouco perceptível, porque as uvas com que foi feito não lhe conferiram esta qualidade e tão pouco o processo de vinificação conseguiu atingir este objetivo. Neste caso, de nada adiantará arejar o vinho.
>>Quando o vinho for aromaticamente fechado mas estiver sendo servido, por exemplo, durante um almoço de três horas, é melhor deixa-lo “abrir” no copo, pois, assim, o seu aroma, em vez de se esgotar, irá crescendo ao longo da refeição.
>>Quando o vinho não cheirar bem e denotar no nariz algum tipo de sujidade. Se o vinho adquiriu mau cheiro por uma má vinificação, também não irá longe com esta tentativa de recuperação.
Em resumo:
O “decanter” deve ser usado como se fosse um hospital para vinho. Se estiver com saúde, nem vá lá, pode voltar doente... Se estiver doente, passe por lá, há sempre a esperança de voltar melhor.

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