ODE AOS NACIONAIS - I
Enólogos de todo o país selecionaram as vinícolas que têm produzido as bebidas mais representativas no Brasil
A Avaliação Nacional dos Vinhos existe há 14 anos e, em todas as edições, apresenta ao público e à equipe de degustadores as amostras dos vinhos que se tornarão os melhores rótulos da próxima temporada. Neste ano, o evento foi realizado no dia 23 de setembro e, pela primeira vez, de maneira simultânea em Bento Gonçalves, no Rio de Grande do Sul, e na capital paulista.
Diferente dos concursos que acontecem mundo afora, a Avaliação é exclusiva do Brasil - em nenhum outro lugar, existe um evento de tal tamanho para analisar apenas as amostras da mais recente safra. Com um público de, no total das duas cidades, 900 pessoas, o evento contou com a inscrição de 252 exemplares de vinho, provenientes de 63 vinícolas de todo o país. "Dessas, elegemos as 30% melhores amostras, seguindo a ficha internacional de degustação. Foram as 16 eleitas que participaram do evento oficial de avaliação", explica o enólogo Dirceu Scottá, diretor da ABE, Associação Brasileira de Enologia.
Durante a experimentação dos 16 mais representativos (veja a tabela abaixo das bebidas que prometem se consolidar nos próximos anos), tanto São Paulo como a cidade gaúcha contaram com o comentário de algum expert no assunto. São essas explicações e comentários que fazem do evento um bom local para conhecer e perceber a qualidade do vinho brasileiro, ainda suscetível ao preconceito interno. "A nossa luta é mudar esse preconceito assustador contra o vinho nacional. Nossas degustações são sempre às cegas e o vinho nacional tem se sobressaído", diz Scottá, que acredita na benesse da importação, mas também na possibilidade de se encontrar rótulos à altura no país.
Vinhos tupiniquins
O número cada vez maior de empresas inscritas na Avaliação Nacional é um dos sintomas que denuncia a elevação da importância do produto brasileiro. Mesmo assim, os rótulos nacionais baratos e com qualidade questionável suplantam a venda dos bons exemplares, mais caros e competitivos com os importados. "Talvez as pessoas não conheçam ainda o verdadeiro vinho brasileiro, que não é tão alcoólico quanto chilenos e argentinos, é mais leve e não tão encorpado a ponto de precisar de uma comida para ser degustado, além de ter uma acidez acentuada, o que lhe confere frescor", diz o enólogo.
A refrescância do vinho brasileiro, aliás, encontra harmonização perfeita em contato com o prato mais tradicional do país: a feijoada. "A bebida limpa o paladar e por isso vai bem com essa receita", afirma. Embora vinhos mais encorpados e com grau de álcool em torno de 13 ou 14 já existam aqui, nosso ambiente é, sem dúvida, mais proprício para a produção de exemplares descontraídos e também para os espumantes - uma modalidade que, pouca gente sabe, tem terroir perfeito no brasileiro. "Temos um dos três melhores climas para espumantes: só perdemos para a região de Champagne, na França, e para a Itália", afirma Scottá.
Tamanha soberania fez com que essa categoria entrasse de forma inédita para a Avaliação Nacional da safra 2006, ao lado dos tintos e dos brancos. Estes, por sinal, são rotulados logo depois do evento e podem ser encontrados em breve nas prateleiras das lojas e nas adegas. Já os tintos, como precisam de um tempo para maturação, entram com seus rótulos no mercado daqui dois ou três anos. Para matar a curiosidade, confira na tabela abaixo a relação das 16 vinícolas e suas respectivas amostras - que são uma prévia do que haverá de melhor no setor em pouco tempo. (Por Viviane Aguiar, Guia da Semana, São Paulo). SEGUE ->
outubro 07, 2006
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