abril 03, 2003

SOCIABILIDADE ALCOÓLICA
Alguém imagina beber um vinho sem álcool? Claro que não! Por que?Porque o álcool é a alma do vinho. É a sua maior ou menor presença que define, muitas vezes, a qualidade do vinho.
É habitual falar-se que um vinho com mais de 13% de álcool é encorpado, vinoso, capitoso, quente ou, mesmo, e porque não, aconchegante, tal como uma lareira acesa numa noite de inverno. Do mesmo modo, no campo oposto, e excetuando casos como os Vinhos Verdes, um vinho seco com menos de 11% de álcool é um vinho leve, magro, ligeiro e quase sempre desinteressante.
Mas é também verdade que o álcool em excesso pode tornar um vinho pesado, chato, mole, desinteressante.O álcool é também o elemento social do vinho. Devido à sua influência sobre o sistema nervoso humano, permite, quando bebido com moderação, um estado físico e intelectual que favorece os encontros sociais e as conversas entre amigos. É, muitas vezes, ele mesmo, um excelente motivo para conversa, quando a sua qualidade ou exotismo atrai a atenção de quem o degusta. Tomado às refeições, tem também um efeito tônico sobre a digestão, favorecendo a conclusão da mesma.
O álcool tem. ainda, implicações na saúde pública, que podem ser positivas ou negativas. Como elemento tóxico, quando consumido em excesso (em vinho ou outras bebidas alcoólicas), conduz a transtornos mais ou menos graves do sistema nervoso e vegetativo (a comum bebedeira), que tantas dores de cabeça têm causado à humanidade desde que nos conhecemos como tal).Mas, se tomado regularmente e em quantidades sensatas, protege o consumidor de ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, porque diminui a ocorrência da formação de coágulos no sangue.
Tal como o açúcar das uvas é a razão de viver do viticultor, o álcool é, sem dúvida alguma, a razão de ser do vinho. Sem álcool não haveria vinho.
(Publicado na Revista de Vinhos, Portugal, edição n° 160, março / 2003).

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