VINHOS NOTÁVEIS - O PÉTRUS
A França é famosa pela extraordinária qualidade de seus vinhos e os mais elogiados provêm, com certeza, das regiões de Bordeaux e Bourgogne. E é em Pomerol, sub-região de Bordeaux, que se produz um dos tintos mais notáveis do mundo: o Pétrus.
É um vinho elaborado com uvas da casta Merlot, raro e disputado em todo o mundo, graças à alta classe, aromas potentes, bom corpo e notável concentração de sabor.
Curiosamente, o Pomerol tem apenas 750 hectares de vinhedos e é a menor das apelações de Bordeaux - pequenina, mesmo, se comparada com a vizinha Saint-Émilion, que possui 2.300 hectares plantados.
O Pétrus tem identidade própria. Apresenta o aveludado típico da casta Merlot, mas tem vocação para guarda. Normalmente precisa de dez anos para chegar ao ponto ideal de consumo e tem estrutura para durar décadas.
O segredo de sua fama está no solo e nos cuidados que cercam a elaboração. O terreno é argiloso, com boa capacidade de drenagem, e debaixo dele há um subsolo com forte presença de óxido de ferro, que confere ao vinho sua especificidade.
Assim, o preço traduz todos esses cuidados: uma garrafa de Petrus da safra de 1995 custa, no mercado brasileiro, US$2.800, chegando a US$5.200 para a safra de 1982.
Esta história de sucesso, no entanto, é relativamente recente, tem menos de 60 anos. No século XIX, o Château Pétrus pertencia à família Arnaud, e a propriedade compreendia apenas 6,5 hectares. No início do século XX, os Arnaud criaram a Sociedade Civil do Château Pétrus e parte das ações da nova empresa acabou comprada em 1925 por Madame Loubat, mulher do dono do Hotel Loubat, no Libourne.
Com o passar dos amos, Jean-Pierre Moueix, um influente negociante de vinhos do Libourne, e seus familiares foram adquirindo partes da empresa, até que em 1969 assumiram completamente o negócio. Hoje a família Moueix é dona ou administra perto de 20 propriedades vinícolas em Bordeaux, entre elas estrelas como os Châteaux Trotanoy e La Fleur-Pétrus, no Pomerol, Château Magdelaine, em Saint-Émilion, e o Château Dauphine, em Fronsac. Mas, nesta constelação, nenhuma tem o brilho ou o charme do tinto que, por sua nobreza, é chamado respeitosamente por muitos enófilos de "o Rei Pétrus".