fevereiro 07, 2004

DEGUSTAÇÕES PROGRAMADAS 2004
VINHO #1: CASA FERREIRINHA RESERVA 1992
Este é um tinto português bem conhecido, produzido na região demarcada do Douro Superior pela não menos conhecida e afamada A. A. Ferreira S. A. Segundo a empresa, é envelhecido em meias pipas de carvalho de 270 litros por um período que varia entre 12 e 18 meses; ainda, para preservar a mais alta qualidade, é engarrafado sem tratamento pelo frio, o que pode provocar a formação de depósito durante o seu envelhecimento em garrafa. Sua denominação de "Reserva" advém do reconhecimento de que sua longevidade é inferior à do Barca Velha. Teor alcoólico de 12,2%.
Para se ter uma idéia da qualidade deste vinho, considerem-se opiniões como a do jornalista especializado português João Paulo Martins, em seu livro "Vinhos de Portugal 2000", 1ª edição, outubro de 1999, que lhe atribuiu nada menos que 7 pontos, equivalentes a "Muito Bom +", em um máximo de 8 (não sabemos quais as avaliações nas edições posteriores do livro, já publicado para 2004). E também a Revista de Vinhos, em sua edição de abril de 2002, lhe atribuiu 16,5 pontos, equivalentes a "Muito Bom", em um máximo de 20.
Na avaliação abalizada dessa Revista, "o tempo ainda não lhe trouxe complexidade, pelo que poderá, eventualmente, precisar de mais tempo em garrafa. A austeridade que mostra na boca revela que temos vinho para o futuro". Nesta mesma linha situa-se JPM, quando afirma que "é vinho para beber ou guardar".
Previamente à nossa degustação, deixamos o vinho decantar e repousar, conforme recomendado, por quase duas horas. Após este tempo, a temperatura do vinho homogeneizou-se com a do ambiente, estabilizando-se nos 23 °C, e decidimos por não resfria-lo.
Nossa prova se iniciou pela análise visual, com a surpresa de constatar sua cor rubi, homogênea, densa e de um belo e intenso brilho. Muito límpido, sem qualquer turbidez. Viscosidade média.
A seguir, ao nariz, mais outra boa surpresa: aromas agradáveis, amplos, de frutas maduras, que se espalharam equilibrada e suavemente, fazendo-nos retornar por diversas vezes à aspiração. Possivelmente apresentaria ainda outros aromas, se analisado por provadores mais experientes.
Mas foi ao levar o vinho à boca que pudemos confirmar tudo aquilo que ele já nos adiantara: bastante encorpado, seco, fugaz em amargor, equilibrado em álcool, adequado em acidez, aveludado em textura, com taninos finos e agradáveis, um excepcional retrogosto e uma boa persistência. Em resumo: um vinho maduro, típico, e, de fato, "para beber ou guardar". Pontos: 91.